São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista Milagre japonês Autora de "Mulheres Japonesas Não Envelhecem nem Engordam" conta por que suas conterrâneas têm a maior expectativa de vida e a menor taxa de obesidade do mundo
JULLIANE SILVEIRA
E xpectativa de vida de 85 anos e taxa de obesidade de 3% para as mulheres. Com os melhores índices entre países desenvolvidos, o Japão mostra que sua gastronomia, baseada em arroz, peixes e vegetais, ajuda a proporcionar uma qualidade de vida invejável.
Folha - Em geral, como uma japonesa se alimenta?
Folha - Como vocês conseguem ter uma refeição balanceada mesmo com a correria da vida diária? Moriyama - Todos devem fazer um esforço consciente para priorizar a alimentação. Ao fazer uma avaliação honesta das atividades diárias, tenho certeza de que descobrirão alguma coisa menos necessária. Comer bem leva a uma vida mais saudável, mais produtiva e longa. Outra idéia é pressionar as empresas de comida pronta para que ofereçam alternativas saudáveis. Agora, por exemplo, as maiores redes de Nova York devem apresentar no cardápio o valor calórico de cada prato. Folha - Qual é a principal dica do livro para se manter magra? E para se manter jovem? Moriyama - Eu cito as razões que ajudam a explicar por que as japonesas vivem mais e de forma mais saudável do que outras mulheres. Elas comem mais peixes, vegetais e grãos integrais, consomem proteína de soja em vez de carne vermelha, comem pequenas porções, ingerem menos gorduras trans e saturada e fazem exercícios de moderados a intensos. Qualquer um pode fazer isso, não é preciso cozinhar pratos japoneses. Esses hábitos ajudam a prevenir doenças e a prolongar a vida. Manter-se jovem de um "jeito japonês" significa aparentar e se sentir jovem de dentro para fora. Folha - Na sua opinião, o que é pior na alimentação ocidental? Moriyama - A questão é o que os japoneses não comem e os ocidentais comem demais. Carne vermelha, açúcar, manteiga e gorduras animais. E, mesmo com a ocidentalização dos cardápios no Japão, o japonês ainda consome, por pessoa, 69 quilos de peixe por ano, enquanto a média mundial per capita é de 16 quilos. Folha - Você come besteiras? O que faz quando dá vontade de comer algo que não é saudável? Moriyama - Raramente, porque o que como é muito gostoso e me faz sentir ótima, com muita energia. Se me dá uma vontade incontrolável, penso no quanto vou me sentir cansada e estufada depois. E procuro alternativas: frutas frescas, bananas com mel, soja ou frutas secas torradas. Se morasse no Brasil, ficaria tão feliz com a quantidade de frutas tropicais disponíveis, que sorvetes e bolos confeitados não passariam pela minha cabeça. Folha - Você conta que come arroz em todas as refeições. Que benefícios ele traz? Moriyama - O arroz é a base das dietas asiáticas e já foi considerado o alimento poderoso dos japoneses. Tem carboidratos complexos e baixo teor de gordura. Sacia e dá menos espaço para comidas gordurosas. Folha - Nosso prato básico é arroz com feijão. É uma boa combinação? Moriyama - Sim, desde que sejam preparados sem manteiga nem cremes e com pouco sal. E acompanhados de muitos vegetais e de peixe. Folha - Você diz que um café-da-manhã energético é composto por missô e vegetais. O que sugere para um clima tropical como o do Brasil? Moriyama - Meu café-da-manhã em dias quentes consiste em frutas, aveia em flocos e leite desnatado. Pão integral também é uma ótima alternativa, mas sem manteiga.
Folha - Faz diferença preparar as refeições em casa?
Moriyama - Eu e meu marido percebemos que a comida feita em casa nos ajuda a administrar melhor o que comemos. A comida pronta ou congelada geralmente vem em porções gigantes, cheia de gorduras e com muito sódio. Gosto de preparar minha comida, pois tenho certeza do que meu prato contém. Cozinhar não significa passar horas no fogão. Eu faço coisas simples e a cozinha japonesa é mínima: acontece no fogo e na mesa, sem utilizar procedimentos mais complexos. Minha mãe sempre diz que o melhor cozimento é o mínimo.
|
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |