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Brasileiros indicados ao Show Food Award
Pesquisadores, fazendeiros, comerciantes, qualquer um que colabore com a
manutenção e a valorização da herança
vegetal e animal que forma a cultura gastronômica de um país é candidato ao
prêmio Slow Food Award, criado no ano
passado.
O júri, composto por 600 representantes de convívios (nome dado às associações locais de slow food) dos cinco continentes, indica os melhores projetos de
seus países. Daí então a presidência do
Slow Food faz uma seleção dos indicados
e elabora uma lista de finalistas. Foram 13
no ano passado. Do grupo saíram cinco
vencedores. Conheça abaixo quem venceu e por quê:
1) Mancy Jones, da Mauritânia: por incentivar a produção de leite e queijo de
camelo por pastores nômades, gerando
emprego e preservando a qualidade de
vida do grupo, que representa 30% da
população do país;
2) Raul Manuel Antônio, mexicano: o
líder da comunidade indígena de Rancho
Grande foi premiado por seus esforços
para conservar as plantações de baunilha
e cacau, quase extintas na região de Chinalta;
3) Marija Mikhailovna Girenko, russa:
a bióloga e pesquisadora dedica-se à conservação de legumes tradicionais de seu
país;
4) Jesus Garzón, espanhol: trabalha na
preservação de espécies animais comestíveis em extinção;
5) Veli Gülas, da Turquia: pelos esforços para manter a produção do tradicional mel de Anzer e a sobrevivência da
abelha que leva o mesmo nome.
Os vencedores deste ano serão anunciados em outubro próximo. O prêmio:
US$ 8.500. Conheça abaixo os brasileiros
e seus respectivos produtos que foram
indicados no ano passado e os que concorrem este ano. A escolha foi feita pelos
cinco brasileiros que fazem parte do júri
internacional: a escritora e colunista da
Folha Nina Horta, a antropóloga Daisy
Justus, a consultora gastronômica Margarida Nogueira, o crítico e colunista da
Folha Josimar Melo e a jornalista e escritora Adriana Victor.
Cabra pé-duro
O fazendeiro paraibano Manoel Dantas Vilar Filho,
62, mantém sua criação de cabra pé-duro, que precisa de pouca água para
viver e resiste bem à seca, diferentemente da maioria dos fazendeiros da
região, que passou a importar vacas
holandesas. Com a pé-duro, Vilar
produz o grupiara, queijo de cabra
aromatizado com ervas nativas do
sertão, comparado aos melhores
"chèvres" franceses. Sua filosofia: o
sertanejo deve aprender a conviver
com a seca em vez de tentar acabar
com ela. Indicado em 2000.
Vinho orgânico
Primeiro vinho
orgânico brasileiro a receber certificação internacional. Produzido pela Vinícola do Velho Museu (RS). Indicado
em 2000.
Formiga frita
O Centro de Tradições Tropeiras pesquisa e divulga receitas e hábitos alimentares e culturais
dos tropeiros (comerciantes que levavam mercadorias do litoral para o interior no séc. 17). Farofa de içá frita
(fêmea da formiga saúva), arroz de
urucum, leitão à pururuca e feijão tropeiro são os principais pratos típicos
dos tropeiros. Indicado em 2000.
Almôndega de capivara
Esse é apenas um dos pratos feitos com a
carne de um animal silvestre do cerrado. A criação de capivara, cateto, queixada, assim como a preservação da
flora do cerrado (cipós, folhas secas,
flores e galhos extraídos de forma sustentável são transformados em móveis e outros objetos) são alguns dos
trabalhos da ONG Agrotec, de Diorama (GO). Indicada em 2000.
Sertão fértil
Construir barragens
subterrâneas e cisternas para garantir
abastecimento de água, aumentar a
qualidade física e biológica da água
com o uso do lírio branco (planta que
decanta a argila em suspensão e elimina 95% a 98% dos coliformes fecais da
água), plantar algodão orgânico, incentivar a caprinocultura, a ovinocultura e a apicultura agroecológica (produção de mel, própolis e cera). Essas
são algumas das ações da Caatinga,
sociedade civil sem fins lucrativos,
criada para desenvolver a agricultura
familiar do semi-árido nordestino,
instalada em Ouricuri (sertão de PE).
Indicada em 2001.
Salada orgânica
As terras passam por processo de desintoxicação
antes do início da produção das hortaliças, que não levam nenhum tipo de
adubo químico ou agrotóxico. Práticas como rotação de culturas e cultivo
consorciado (plantio de duas espécies
lado a lado) são adotadas para preservar o solo e garantir alimentos de alta
qualidade. Desde 1994, os funcionários deixaram de ser assalariados para
virar parceiros, recebendo porcentagem dos lucros. A façanha é dos produtores de hortifrutigranjeiros orgânicos do sítio do Moinho (em Itaipava, RJ). Indicado em 2001.
Churrasco de bambu
A iguaria é produzida pelo japonês Kimio
Ishimtsu, 60, marceneiro radicado no
Brasil há 30 anos, que se apaixonou
pelo bambu por acaso, quando recebeu uma encomenda para construir
uma casa de bambu no litoral norte de
SP. O bambu produzido no seu sítio
Maeda, em Mogi das Cruzes (SP), é
usado como matéria-prima da marcenaria e também para limpar água e tirar o mau cheiro de geladeiras. Embora tenha condições climáticas ideais
para o plantio, o Brasil produz pouco
bambu porque suas utilidades, inclusive culinárias, são pouco conhecidas.
"O bambu pode ser extraído sem destruir o ambiente porque sua árvore se
regenera totalmente três anos após o
corte. E serve para tudo", diz Ishimtsu. Indicado em 2001.
Fruta rara
Silvestre Silva, fotógrafo
mineiro radicado em São Paulo, passou 15 anos viajando pelo Brasil documentando frutas raras, pouco conhecidas ou quase extintas, como chichá,
bacupari, jabuticaba branca, feijoa,
cambuci e pindaíba. Indicado em
2000 e 2001.
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