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Dor de cabeça pode piorar no verão, com aumento de temperatura e de luz, que estimula a vasodilatação
Enxaqueca ganha força com sol e calor
JULIANA DORETTO - FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mulheres caminham no centro de São Paulo sob muito calor; a sombrinha, que pode ser substituída por chapéu, protege quem tem enxaqueca
Verão combina com o quê? Praia,
sol, sorvete, cerveja gelada e ar-condicionado para contrabalançar
porque ninguém é de ferro, certo?
Não para quem sofre de enxaqueca.
As altas temperaturas e os hábitos que elas acarretam detonam crises de dor de
cabeça nos portadores dessa doença, que
correspondem a 15% da população mundial, na maioria mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaléia, 17% das
mulheres e 8% da população masculina
apresentam essa doença do cérebro, que
é transmitida e herdada geneticamente e
se caracteriza por crises periódicas de dor
de cabeça acompanhadas por intolerância a ruídos e à claridade, além de náuseas
e vômitos.
"Há vários elementos que levam o cérebro do paciente a iniciar o processo da
dor. O calor pode funcionar, em conjunto com outras causas, que variam em cada caso, como fatores deflagradores das
crises", explica o neurologista Abouch
Krymchantowski, autor do livro "Enxaqueca - Doença do Cérebro com Tratamento Eficaz" (ed. Campus).
A dilatação dos vasos sanguíneos é a
responsável pela dor. E o verão pode promover essa dilatação pelo aumento de irradiação dos raios infravermelho e ultravioleta -consequente da maior incidência da luz solar- e pela elevação da temperatura, diz o neurologista.
Mas é possível se defender desse infortúnio do verão. Como não dá para interferir na temperatura nem na luz solar, a
ação deve recair sobre os hábitos comuns
nesta época do ano.
Para o bem não apenas da sua pele, mas
da sua cabeça, evite ir à praia entre 10 h e
16 h, quando a incidência dos raios infravermelhos é maior. E, mesmo fora desse
horário, tente não prolongar a exposição
ao sol por mais de uma hora.
Chapéu, óculos escuros e guarda-sol
bloqueiam a luminosidade, mas a cabeça
também não pode, literalmente, esquentar demais -o que acarreta vasodilatação. Por isso, na praia molhe a cabeça de
tempos em tempos ou use um lenço ou
uma "bandana" úmida.
Chope "estupidamente" gelado refresca, mas geralmente provoca crises, como
toda bebida alcoólica. Ao partir para os
sucos, refrigerantes e sorvetes, consuma-os vagarosamente e em pequenas quantidades. Isso porque mudanças bruscas de
temperatura podem detonar a dor. O
mesmo vale para o uso do ar-condicionado. Entrar no carro e acionar o ar, por
exemplo, acarreta alteração rápida de
temperatura. E aproximar o rosto do
ventilador, do ar-condicionado e da geladeira ou do freezer aberto também pode
desencadear a dor.
No verão, as pessoas tiram férias não só
do trabalho, mas de outras rotinas, como
a alimentar e a do número de horas de sono, e essas, para quem tem enxaqueca,
devem ser mantidas.
Agora, se a dor de cabeça já estiver se
instalado, seja no verão ou no inverno,
massagens na cabeça prometem amenizá-la e compressas com gelo diminuem a
dilatação dos vasos.
Por fim, uma medida que não exige
custos nem esforço. O neurologista e professor da Universidade Federal de São
Paulo Deusvenir de Souza Carvalho garante: "Se a pessoa relaxar e procurar
lembrar-se de bons momentos durante a
dor de cabeça, o próprio cérebro produzirá analgésicos que irão aliviar as crises."
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