São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No ritual couvade, homens se recuperam do parto

Na maloca, a mulher grávida se deita no chão e se prepara para o parto. O companheiro participa, comprimindo o ventre e cortando o cordão umbilical com os dentes. Depois de ser lavado, o bebê vai para os braços do pai, que se deita na rede e fica de resguardo, mantendo uma dieta especial até que o cordão umbilical caia. É ele quem recebe as visitas e os cumprimentos pelo nascimento do filho. Enquanto isso, a mulher retoma a rotina diária.
A descrição acima, de um costume dos índios tupinambás, é um exemplo de ritual couvade -que engloba uma série de comportamentos de homens de culturas pré-industriais durante a gravidez e o parto de seus filhos. Nessas sociedades, são eles que ficam se recuperando após o parto das mulheres. Alguns chegam a usar vestuário feminino no parto. "No caso de uma tribo no sul da Índia, quando a mulher sentia as contrações, informava ao marido, que vestia algumas roupas dela, colocando na testa a marca que as mulheres geralmente colocavam nas suas", conta a psicóloga Talu de Martini.
Além de mostrar a importância dada à paternidade por esses povos, os rituais podem ter uma função mística, de proteção ao bebê. Segundo Martini, a idéia era "atrair os espíritos do mal para a cabana do pai, deixando a mãe real ter seu bebê numa distância segura".
Os rituais couvade também servem para demarcar a paternidade sobre a criança. "É como se quisessem desfazer qualquer dúvida sobre quem é o pai do bebê", acrescenta a psiquiatra Carmita Abdo. (FM)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Poucas e boas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.