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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003
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Mãe-coragem, mãe-aventura

"Minha primeira corrida de aventura foi um presente de Dia das Mães", conta a psicóloga Nilza Aparecida Tonetti, mãe de dois triatletas. Para fugir da mesmice das pantufas de pelúcia e outras lembrancinhas tradicionais, esse foi o presente que o caçula, Daniel, 28, arrumou para ela neste ano. "Eu adorei", diz a mãezona, que, aos 52 anos, nunca havia dormido numa barraca de camping. "Eu me encontrei nisso. É algo que me dá muita satisfação."
Ela já havia participado de outras duas provas como equipe de apoio dos filhos, levando bicicletas, água, lanche e outras tralhas. Foi uma espécie de treino para a estréia arrasadora como participante. Sua equipe, Moléculas, chegou em 31º lugar, de um total de 75 equipes. Nada mal para um grupo formado na véspera, com a aglutinação de "duas moléculas" que estavam perdidas no acampamento -um professor de mergulho e uma dentista que estavam sozinhos e sem equipe.
"O acaso acabou dando uma química ótima. No mês que vem, na corrida em Brotas, vamos botar a equipe para correr e repetir a dose", fala animada a psicóloga.
Nilza foi parar nas trilhas por causa de um drama pessoal vivido no ano passado: sua mãe estava com câncer, em fase terminal. "A corrida serviu como válvula de escape", afirma. Naquela época, influenciada por um grupo de amigos com o qual corria diariamente, acabou dando o braço a torcer (ou o pé a torcer) e virou atleta. Corre todos os dias entre 7 km e 10 km, além de nadar 1.600 m duas vezes por semana. Isso porque acha o preparo físico responsável por 50% do sucesso numa prova. Os outros 50% ficam por conta da navegação.
"A corrida de aventura virou uma espécie de autoterapia para mim." Lidar com problemas pessoais, fazer amigos, conhecer lugares bonitos, curtir a natureza e conhecer-se melhor são alguns dos benefícios apontados por Nilza. "A vida é muito parecida com uma corrida de aventura. Ela não coloca um monte de obstáculos e desafios no nosso caminho?"
Desde que passou a praticar o esporte, ela notou que está mais forte física e emocionalmente. E que também mudou o ângulo de visão que tinha da vida.
No início, todo mundo achava que, por ser mulher e com idade para estar "curtindo os netos", ela não ia longe. Mas foi. E, bastante segura de si, ainda brinca: "Não me incomodo que escrevam minha idade na matéria. Até é bom para que outras pessoas da minha idade saibam que é possível e se animem a fazer como eu".


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