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Mãe-coragem, mãe-aventura
"Minha primeira corrida de aventura foi um presente de Dia das
Mães", conta a psicóloga Nilza
Aparecida Tonetti, mãe de dois
triatletas. Para fugir da mesmice
das pantufas de pelúcia e outras
lembrancinhas tradicionais, esse
foi o presente que o caçula, Daniel, 28, arrumou para ela neste
ano. "Eu adorei", diz a mãezona,
que, aos 52 anos, nunca havia
dormido numa barraca de camping. "Eu me encontrei nisso. É
algo que me dá muita satisfação."
Ela já havia participado de outras duas provas como equipe de
apoio dos filhos, levando bicicletas, água, lanche e outras tralhas.
Foi uma espécie de treino para a
estréia arrasadora como participante. Sua equipe, Moléculas,
chegou em 31º lugar, de um total
de 75 equipes. Nada mal para um
grupo formado na véspera, com a
aglutinação de "duas moléculas"
que estavam perdidas no acampamento -um professor de mergulho e uma dentista que estavam
sozinhos e sem equipe.
"O acaso acabou dando uma
química ótima. No mês que vem,
na corrida em Brotas, vamos botar a equipe para correr e repetir a
dose", fala animada a psicóloga.
Nilza foi parar nas trilhas por
causa de um drama pessoal vivido no ano passado: sua mãe estava com câncer, em fase terminal.
"A corrida serviu como válvula de
escape", afirma. Naquela época,
influenciada por um grupo de
amigos com o qual corria diariamente, acabou dando o braço a
torcer (ou o pé a torcer) e virou
atleta. Corre todos os dias entre 7
km e 10 km, além de nadar 1.600
m duas vezes por semana. Isso
porque acha o preparo físico responsável por 50% do sucesso numa prova. Os outros 50% ficam
por conta da navegação.
"A corrida de aventura virou
uma espécie de autoterapia para
mim." Lidar com problemas pessoais, fazer amigos, conhecer lugares bonitos, curtir a natureza e conhecer-se melhor são alguns
dos benefícios apontados por Nilza. "A vida é muito parecida com
uma corrida de aventura. Ela não
coloca um monte de obstáculos e
desafios no nosso caminho?"
Desde que passou a praticar o
esporte, ela notou que está mais
forte física e emocionalmente. E
que também mudou o ângulo de
visão que tinha da vida.
No início, todo mundo achava
que, por ser mulher e com idade
para estar "curtindo os netos", ela
não ia longe. Mas foi. E, bastante
segura de si, ainda brinca: "Não
me incomodo que escrevam minha idade na matéria. Até é bom
para que outras pessoas da minha
idade saibam que é possível e se
animem a fazer como eu".
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