UOL


São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Idoso no Brasil é sobrevivente"

DA REDAÇÃO

"O idoso de classe média tem convênio médico, mas, conforme a idade vai avançando, o valor da parcela vai aumentando. Aí ou eles migram para outros planos, ou deixam de pagar, ficando à mercê do serviço de saúde pública", diz a professora da Escola de Enfermagem da USP Yeda Duarte. Já na Suíça, o idoso dispõe de atendimento público integral, o que significa até contar com uma pessoa que vai a sua casa levar comida e fazer companhia.
No Brasil, os trabalhos com idosos sempre usaram como referência estudos norte-americanos e europeus. Para traçar o perfil do idoso na América Latina e no Caribe e, assim, ajustar as políticas públicas à realidade local, a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) promoveu um estudo em sete países. No Brasil, foram entrevistadas 2.143 pessoas com idade superior a 60 anos e residentes na cidade de São Paulo.
"Nosso idoso é uma massa pobre, tem baixa escolaridade e pouco poder socioeconômico, é um sobrevivente. Ele venceu as adversidades e envelheceu. Chegou lá, mas não com uma boa qualidade de vida", afirma a professora da USP, que participou do estudo.
Os resultados da pesquisa mostram que 46,7% dos idosos com idades entre 60 e 64 anos possuem plano de saúde. Já entre aqueles com 80 anos ou mais, o número caiu: 35,2% possuem plano de saúde privado.
Mais da metade (54%) dos idosos que usavam medicamentos regularmente disseram ter abandonado a medicação no mês anterior à entrevista por razões financeiras.
Os resultados do estudo também indicam que o controle de doenças crônicas e o envelhecimento masculino, diz Duarte, merecem atenção.
Os homens morrem mais cedo e sobrevivem em condições nem tão boas quanto as mulheres. Pela pesquisa, para cada 100 homens de até 75 anos, há 133 mulheres.
No ranking das doenças crônicas, liderado pela hipertensão, a baixa incidência de diabetes em pessoas de 60 a 80 anos alarmou. "Provavelmente, os idosos diabéticos morrem antes de completar 80 anos por causa das sequelas da doença. Quando a doença está bem controlada, eles interrompem os programas de controle. Acham que a pressão está boa, mas ela só está boa por causa dos remédios", diz Duarte.


Texto Anterior: Onde
Próximo Texto: alecrim: Jardim à mesa
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.