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"Idoso no Brasil é sobrevivente"
DA REDAÇÃO
"O idoso de classe média tem convênio médico, mas, conforme a idade vai avançando, o valor da parcela vai aumentando. Aí ou eles migram para
outros planos, ou deixam de pagar, ficando à
mercê do serviço de saúde pública", diz a professora da Escola de Enfermagem da USP Yeda Duarte. Já na Suíça, o idoso dispõe de atendimento público integral, o que significa até contar com uma pessoa que vai a sua casa levar comida e
fazer companhia.
No Brasil, os trabalhos com idosos sempre usaram como referência estudos norte-americanos e europeus. Para traçar o perfil do
idoso na América Latina e no Caribe e, assim, ajustar as políticas
públicas à realidade local, a Opas
(Organização Pan-Americana de
Saúde) promoveu um estudo em
sete países. No Brasil, foram entrevistadas 2.143 pessoas com idade superior a 60 anos e residentes
na cidade de São Paulo.
"Nosso idoso é uma massa pobre, tem baixa escolaridade e
pouco poder socioeconômico, é
um sobrevivente. Ele venceu as
adversidades e envelheceu. Chegou lá, mas não com uma boa
qualidade de vida", afirma a professora da USP, que participou do
estudo.
Os resultados da pesquisa mostram que 46,7% dos idosos com
idades entre 60 e 64 anos possuem
plano de saúde. Já entre aqueles
com 80 anos ou mais, o número
caiu: 35,2% possuem plano de
saúde privado.
Mais da metade (54%) dos idosos que usavam medicamentos
regularmente disseram ter abandonado a medicação no mês anterior à entrevista por razões financeiras.
Os resultados do estudo também indicam que o controle de
doenças crônicas e o envelhecimento masculino, diz Duarte,
merecem atenção.
Os homens morrem mais cedo
e sobrevivem em condições nem
tão boas quanto as mulheres. Pela
pesquisa, para cada 100 homens
de até 75 anos, há 133 mulheres.
No ranking das doenças crônicas, liderado pela hipertensão, a
baixa incidência de diabetes em
pessoas de 60 a 80 anos alarmou.
"Provavelmente, os idosos diabéticos morrem antes de completar
80 anos por causa das sequelas da
doença. Quando a doença está
bem controlada, eles interrompem os programas de controle.
Acham que a pressão está boa,
mas ela só está boa por causa dos
remédios", diz Duarte.
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