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Da cuba libre ao crack
"Aos 14 anos, comecei a
beber cuba libre. Depois
parti para a maconha.
Há uns dez anos, entrei
na onda da cocaína e do
crack. Para mim, tudo
isso era normal. No dia
em que eu não fumava
um baseado, ficava agitado, tudo me irritava.
Era só o supervisor chamar a minha atenção
que eu ficava nervoso.
Era comum eu ir fumando um baseado no trajeto que fazia da minha casa até onde pegava o ônibus da empresa. Como
possuo as chaves de lugares restritos da empresa, várias vezes fumei
durante o expediente.
Até em cima do telhado
eu já fumei! E, quando
eu estava sem droga,
procurava com amigos
de outros setores. No almoço, era inevitável tomar uma cerveja. À noite, depois do trabalho,
não ia direto para casa; ia
para a padaria e ficava
me drogando. Chegava
mal em casa, embriagado, largado. Quando
meu pai disse que tinha
vergonha de mim e que
eu não era seu filho, percebi que tinha perdido o
domínio. Até que, após
um final de semana fora
de casa por causa da cocaína, decidi procurar
ajuda. Meus companheiros de uso chegaram a dizer que essa história de programa para
dependente químico era
para identificar os drogados e mandá-los embora. Fiquei com receio,
mas fui atrás de apoio
mesmo assim. Fiz tratamento em clínica, participei de palestras e de
grupos de apoio. Faz seis
anos que estou em abstinência e hoje atuo como
monitor no programa
da empresa, contando
minha história de ex-dependente para os que estão passando pelo mesmo desastre que eu. Sou
a prova viva de que esse
programa funciona. É só
a pessoa querer."
E.A.A., 43, ferramenteiro
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