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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003
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Da cuba libre ao crack

"Aos 14 anos, comecei a beber cuba libre. Depois parti para a maconha. Há uns dez anos, entrei na onda da cocaína e do crack. Para mim, tudo isso era normal. No dia em que eu não fumava um baseado, ficava agitado, tudo me irritava. Era só o supervisor chamar a minha atenção que eu ficava nervoso. Era comum eu ir fumando um baseado no trajeto que fazia da minha casa até onde pegava o ônibus da empresa. Como possuo as chaves de lugares restritos da empresa, várias vezes fumei durante o expediente. Até em cima do telhado eu já fumei! E, quando eu estava sem droga, procurava com amigos de outros setores. No almoço, era inevitável tomar uma cerveja. À noite, depois do trabalho, não ia direto para casa; ia para a padaria e ficava me drogando. Chegava mal em casa, embriagado, largado. Quando meu pai disse que tinha vergonha de mim e que eu não era seu filho, percebi que tinha perdido o domínio. Até que, após um final de semana fora de casa por causa da cocaína, decidi procurar ajuda. Meus companheiros de uso chegaram a dizer que essa história de programa para dependente químico era para identificar os drogados e mandá-los embora. Fiquei com receio, mas fui atrás de apoio mesmo assim. Fiz tratamento em clínica, participei de palestras e de grupos de apoio. Faz seis anos que estou em abstinência e hoje atuo como monitor no programa da empresa, contando minha história de ex-dependente para os que estão passando pelo mesmo desastre que eu. Sou a prova viva de que esse programa funciona. É só a pessoa querer."
E.A.A., 43, ferramenteiro


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