São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2005
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ingrediente

Carne de avestruz tem menos colesterol

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A maior ave do mundo não conseguiu passar despercebida. Nativo da África, onde sua carne e seus ovos são consumidos desde tempos remotos, o avestruz adulto pode alcançar até 2,70 metros de altura e pesar cerca de 150 quilos.
Assim como a ema sul-americana, pertence ao grupo das ratitas, aves de asas atrofiadas incapazes de voar. Os machos são pretos com a ponta das asas brancas, e as fêmeas, marrom-acinzentadas. Apesar de serem onívoros (alimentam-se tanto de matéria vegetal como animal), sua dieta em habitat natural é predominantemente vegetal.
A criação de avestruz, ou estrutiocultura, começou no Brasil há apenas dez anos, mas já levou o país a uma posição de destaque no mercado mundial. Atualmente, existem cerca de 2.500 criadores em praticamente todos os Estados e um plantel estimado de 250 mil aves, segundo a Acab (Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil).


A carne é vermelha e possui baixos índices de colesterol e gorduras, ao mesmo tempo em que mantém alto valor protéico


"A fêmea é muito produtiva, dá até 18 filhotes por ano", afirma Adair Ribeiro Jr., presidente da Acab. O ovo de avestruz pode pesar 1,8 quilo, o equivalente a 20 ovos de galinha.
Sua carne, considerada de alta qualidade, é macia e saborosa, podendo ser comparada em textura e cor à carne bovina. Pesquisa realizada há dois anos pelo departamento de Nutrição da USP (Universidade de São Paulo), entretanto, constatou que ela tem ainda mais vantagens. Possui níveis mais baixos de colesterol -22,7 mg por 100 g, enquanto a carne bovina tem 59 mg e a de frango, 70 mg de colesterol por 100 g. Além disso, a carne de avestruz apresenta cerca de um terço da gordura encontrada na de boi.
"A carne é vermelha e possui baixos índices de colesterol, gordura e calorias, ao mesmo tempo em que mantém alto valor protéico", afirma Elizabeth Torres, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP que orientou a pesquisa. "Só não é saudável para o bolso", brinca a professora.
Isso porque as cerca de dez toneladas de carne consumidas ao mês no país ainda são insuficientes para popularizar a iguaria e baixar os preços -hoje, o quilo varia de R$ 70 a R$ 87. "Temos uma produção limitada, em fase de formação de plantel. Se comparar com outras proteínas vermelhas, o valor agregado é maior", afirma Ribeiro Jr. Ainda assim, só no eixo Rio-São Paulo, estima-se que 300 restaurantes preparem receitas à base de avestruz.
E a ave gigante não é aproveitada somente à mesa. Suas plumas são bastante utilizadas em fantasias e alegorias carnavalescas, enquanto couro e pele viram calçados, pastas e outros artefatos.


Texto Anterior: Pergunte aqui
Próximo Texto: Avestruz papa-léguas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.