IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Luta de boxe com jogo de xadrez -essa é a definição preferida dos entusiastas da escalada indoor para a modalidade que praticam. Como no pugilismo, a prática aumenta a força muscular -principalmente dos membros superiores e inferiores- e a coordenação motora. À semelhança do xadrez, o praticante precisa ter visão estratégica e, ao realizar cada movimento, antecipar mentalmente todas as possibilidades de deslocamento que terá a seguir.
"A modalidade desenvolve a coordenação motora e o equilíbrio e aumenta muito a autoconfiança de quem pratica", diz Dimitri Wuo Pereira, que dá aulas de escalada indoor na Uninove, na Fefisa (Faculdades Integradas de Santo André), no Colégio Magno, na Escola da Vila e na Escola Cidade Jardim, todos em São Paulo. Para Wuo, a escalada é um esporte que manifesta "a inteligência do corpo".
A estratégia e a habilidade para a solução de problemas são mais importantes do que a força física, afirmam professores da modalidade. "É por isso que mulheres e crianças, embora normalmente tenham menos força muscular que um homem adulto, costumam se dar melhor nos treinos", diz Paulo Gil Martinez Rosito, proprietário da academia 90 Graus, em São Paulo. "A criança, principalmente, vai mais na intuição, tem mais liberdade corporal para criar novas soluções", explica Rosito. "A chave é usar a força com o máximo possível de atenção e de raciocínio lógico-abstrato."
Mas é claro que não é um exercício só para a cabeça. "A escalada esportiva, em alguns aspectos, exige tanto do corpo quanto a ginástica olímpica", diz Rosito. Funciona como uma musculação mais lúdica, porque os movimentos não são repetitivos. Os grupos musculares mais trabalhados são os dos membros superiores e inferiores, os dorsais e os abdominais -fundamentais para a sustentação e o equilíbrio do corpo.
A atividade também proporciona um bom gasto calórico. Segundo o professor Dimitri Wuo Pereira, é possível perder até 700 calorias em uma hora de escalada, um gasto similar ao da corrida. A vantagem, diz Pereira, é que é uma atividade intermitente. A alternância de períodos de esforço intenso e de pausa permite que a escalada seja praticada pelos mais diferentes tipos de pessoa: "Sedentários ou atletas, crianças ou idosos, quem está dentro ou acima do peso ideal", afirma o professor.