São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001
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Funcionário troca sapato por pantufa em agência que também oferece shiatsu e videogame para aumentar a produtividade

Uma empresa melhor do que muita casa

ALEXANDRE PETILLO - FREE-LANCE PARA A FOLHA

As pessoas circulam de pantufas. No bar, servem-se de sucos naturais e bolachinhas crocantes. Videogames exercitam a criatividade. Para relaxar, sessões de shiatsu. Parece até clube, mas trata-se de uma empresa. E das mais estressantes.
"Qualidade de vida é uma das premissas da nossa empresa. Pensei que poderíamos crescer mais se eu tornasse o ambiente de trabalho tão confortável quanto a casa das pessoas", explica o publicitário Roberto Guarnieri, 28, presidente da A1 Brasil, agência que desenvolve sites e cria propaganda para a internet.
Como a maioria das empresas dessa área, a A1 Brasil exige dos funcionários muita criatividade e rigor para cumprir prazos apertados. Para evitar que essa pressão deixasse os funcionários muito estressados e comprometesse o rendimento da equipe, Guarnieri implementou uma série de ações para melhorar a qualidade de vida na empresa.
Logo de cara, contratou uma massagista de shiatsu, que fica em tempo integral na agência. Qualquer funcionário que se sentir estressado ou com dor no corpo chama a terapeuta e recebe 20 minutos de massagem. Se ainda precisar, pode fazer uma sessão de uma hora no fim do dia.
Carolina Cortes Moreira, 21, a massagista de plantão, diz que já virou parte da rotina da empresa. "A massagem se tornou tão importante quanto a hora do almoço. Eu fico circulando pela agência, e, a todo instante, alguém me chama."
Para completar o clima zen, Guarnieri espalhou pantufas por toda a empresa, permitindo que os colaboradores trabalhem quase como se estivessem descalços. Há pufes nas salas de reunião e quadros e esculturas nas paredes e nos corredores. Também existe um minicafé, onde os funcionários lêem livros e revistas de arte enquanto se servem de sucos variados, lanches naturais e bolachas.
"Priorizo aqui dentro produtos naturais e saudáveis. Os monitores dos computadores foram feitos para não afetar os olhos dos usuários, e as obras de arte expostas são renovadas periodicamente para que os colaboradores vejam sempre coisas novas."
Outra invenção que conquistou os funcionários foi o Competition Team, jogo mensal disputado entre departamentos e funcionários. Os pontos são marcados de acordo com produtividade, velocidade e qualidade do trabalho. O departamento vencedor ganha verba extra para gastar com o que quiser, e o melhor funcionário recebe bônus salarial de 20%, além de um troféu personalizado. "Apesar de ser uma prática competitiva, nunca houve hostilidade. Desde que instaurei a competição, a produtividade e a rentabilidade da empresa cresceram 25%", diz Guarnieri.
Os funcionários confirmam que as novidades implantadas criam um comprometimento inédito com a empresa. Lisandra Echenique, 23, gerente de tráfego, quebrou a perna no domingo à noite, engessou na segunda de manhã e, antes do almoço, já estava trabalhando. "Recebi um atestado e poderia ficar cinco dias em casa. Mas adoro o que faço, não conseguiria ficar longe."
Há menos de oito meses na agência, a coordenadora de planejamento Cassiana Canale, 25, foi promovida duas vezes. "A descontração faz com que as pessoas se dediquem ao trabalho de corpo e alma. Eu nunca havia me empenhado tanto para conquistar espaço."
Uma academia de ginástica dentro da empresa é a próxima meta da lista de inovações de Guarnieri. "Eu quero fazer daqui o melhor lugar para trabalhar. E também o segundo lar dos meus colaboradores", planeja.
"O objetivo é fazer com que cada um se sinta parte fundamental da empresa, desde o boy até o gerente. Todo mundo que trabalha aqui sente que é essencial para a agência", explica Priscila Tortorette, 21, vice-presidente da A1 Brasil.


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