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Disfunção erétil pode ser sintoma de doença mais grave, mas a vergonha faz o homem demorar quatro anos para ir ao médico
Esquenta a guerra contra a impotência
Marcelo Barabani/Folha Imagem
![](../images/q1406012001.jpg) |
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O QUE SE PENSA NA BROXADA "Há uma piada que resume isso: "Sabe qual a diferença entre medo e pavor? Medo é quando pela primeira vez você não consegue a segunda. Pavor é quando pela segunda vez não consegue a primeira'", Paulo Resstom, 45, engenheiro
KARINA KLINGER - DA REPORTAGEM LOCAL
Grande notícia para os 160 milhões de homens que sofrem de impotência
sexual no mundo. Vêm aí novos e poderosos concorrentes para o Viagra, a droga que reina absoluta no mercado de medicamentos para disfunção erétil. A doença acomete, em geral, 52% dos homens acima dos 40 anos e
também não poupa os mais jovens, o que leva ao consumo exorbitante de
seis comprimidos de Viagra por segundo no mundo. O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos consumidores campeões.
O primeiro novo medicamento, com lançamento previsto na Europa para a última segunda-feira, chega ao Brasil até o final deste ano. O
nome da droga é Uprima, da Abbott Laboratórios. As pesquisas foram apresentadas na semana passada no Congresso Americano de Urologia, nos EUA. E, nesta semana, os resultados estão sendo discutidos no 6º Congresso Latino-Americano de Impotência Sexual, no Rio.
Entre as vantagens do Uprima em relação ao
Viagra, está a redução do tempo de espera para a
ereção: são 15 minutos, em média, contra os 30
minutos do Viagra, segundo o fabricante.
A droga é também a primeira do gênero a atuar
diretamente no sistema nervoso central. Ela aumenta o desempenho da dopamina, neurotransmissor responsável pelo envio de estímulo sexual ao pênis na forma de impulsos elétricos. Estes, por sua vez, estimulam a produção de outro
neurotransmissor, o óxido nítrico, que induz o
relaxamento do corpo cavernoso do pênis, permitindo, assim, o afluxo de sangue necessário à
ereção.
Cialis e Vardenafil, dos laboratórios Eli Lilly e
Bayer, respectivamente, são as duas outras grandes promessas, ainda em fase de pesquisa. Como
o Viagra, a ação de ambos é periférica.
A dificuldade de obter ou manter a ereção é
uma realidade considerada tão vergonhosa pelo
homem que a maioria sequer procura ajuda. No
Brasil, a demora na procura do médico chega a
ser de quatro anos. "O paciente precisa entender
que o problema não é só dele e que existe tratamento", afirma o urologista Celso Gromatzky,
do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Sobre as causas, elas variam conforme a faixa
etária do homem, diz Miguel Srougi, da Escola
Paulista de Medicina. Em indivíduos jovens, cerca de 95% dos casos têm origem psicológica; em
adultos maduros e idosos, as causas orgânicas
respondem por cerca de 70% das queixas. No último grupo, é comum haver um componente psicológico associado, como a ansiedade causada pela
performance sexual precária e a insegurança gerada por baixa auto-estima, diz o médico.
A disfunção erétil nem sempre é uma doença.
Pode ser sintoma de um problema mais sério nas
áreas neurológica e/ou vascular. "Em certas ocasiões, o paciente chega ao consultório queixando-se de disfunção erétil e identifica-se que, na verdade, ele tem hipertensão ou diabetes. Nesses casos, a
disfunção é controlada com medicamento para as
outras doenças", diz Gromatzky.
Por isso é condenável o uso de Viagra sem acompanhamento médico. "O paciente resolve o problema da ereção, mas joga para a frente uma doença fatal", explica Gromatzky.
Mau hábito faz broxar A ocorrência de disfunção erétil aumenta com a idade, mas não por
causa do envelhecimento, como pensa a maioria.
A causa são os hábitos errados, como tabagismo,
alcoolismo, obesidade e sedentarismo, que levam a
doenças cardiovasculares, entre elas o enrijecimento da parede do vaso sanguíneo. Por isso muitos broxam.
A ereção também não existiria sem os impulsos
elétricos e a ação dos neurotransmissores. Isso explica por que um nervo lesado (após um derrame
ou a retirada da próstata, por exemplo) leva à impotência. Com exceção desses casos, o diagnóstico
da doença, com causas psicológicas e orgânicas associadas, não é fácil. Para auxiliar a tarefa, os especialistas se valem do International Index of Erectile
Function, série de 15 perguntas para serem respondidas pelo paciente. Se quiser checar a sua saúde,
há uma versão resumida do teste na pág. 10.
Para quem considera o teste dispensável, mas
acha por bem cuidar da prevenção, saiba que a tão
batida recomendação de dieta equilibrada com
prática de exercícios físicos e controle do estresse,
da depressão, da diabetes e da hipertensão também ajuda na qualidade da performance sexual.
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