São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
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verão

Emagreça no verão

O tempo quente aumenta a disposição para praticar exercícios físicos e diminui a sensação de fome

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Q uem ainda não conseguiu colocar em prática a promessa de fim de ano (ou de sempre) de eliminar os quilos extras pode aproveitar: o verão, apesar das chuvas e trovoadas, não acabou. E o calor é um ótimo aliado para quem quer emagrecer. "É mais fácil perder peso quando está quente. As pessoas sentem menos fome e estão mais dispostas a comer saladas e alimentos menos calóricos. Mas o principal motivo é que, no verão, as pessoas têm muito mais estímulo para emagrecer porque expõem mais o corpo, vão à praia, não ficam escondidas sob casacos e capotes", acredita o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além do estímulo de sair bem na foto de biquíni ou de sunga, no verão o mecanismo de saciedade é mais eficiente. "Com uma quantidade menor de comida, já nos sentimos saciados. Por isso, é mais fácil lidar com a sensação de fome nesse período do que no inverno", diz a nutricionista e especialista em fisiologia do exercício da Unifesp Cibele Crispim.
A esse fator, Crispim acrescenta o maior apelo para sair de casa e fazer atividades físicas ao ar livre. A soma das vantagens teóricas é comprovada nos resultados práticos, conta a nutricionista. "Com os pacientes, podemos ver que os melhores resultados [nos programas de emagrecimento] acontecem nessa época do ano."
Um incentivo extra: os efeitos podem ser observados em menos tempo. Isso porque, no verão, o nosso metabolismo é mais ativo. "O organismo pode se dar ao luxo de perder mais calorias nas atividades diárias porque não precisa gastá-las para manter a temperatura interna. No inverno, o metabolismo fica mais lento, pois precisa dessas calorias para gerar calor", explica Claudia Cozer, endocrinologista da USP (Universidade de São Paulo) e diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Crispim avisa, porém, que não basta a temperatura subir para passar, automaticamente, a comer menos e conseqüentemente emagrecer.
O verão tem também armadilhas, que desequilibram a balança de quem quer perder peso. Do mesmo modo que há maior disposição para comer saladas e frutas, aumenta a vontade de consumir alimentos e bebidas geladas. Não é preciso um grande esforço de imaginação para se lembrar da cerveja e do sorvete. Como esses itens fazem parte de todo pacote de verão, não há como ignorá-los. "Não dá para passar o verão apenas com salada, ninguém agüenta. É melhor comer de tudo, mas de forma inteligente, para conseguir emagrecer", diz a nutricionista.

O fator prazer
A idéia é perder peso sem perder o prazer -esse é outro fator que contribui para o sucesso dos programas de emagrecimento no verão. E vale bastante para a atividade física. "As atividades feitas ao ar livre são prazerosas e estimulantes, o que gera uma maior adesão ao programa de exercícios", diz Fabian Quiros, professor de educação física do programa Outdoors, da academia Competition, em São Paulo.
A possibilidade de variar o tipo de atividade (caminhar, correr, nadar, jogar bola, pedalar etc.) e o cenário (praia, parques, ruas) quebra a monotonia dos exercícios e ajuda a manter a freqüência e a regularidade. "Isso é fundamental para obter resultados", lembra Quiros.
Realizar as atividades por 30 a 60 minutos, no mínimo três vezes por semana, é o indicado para quem quer emagrecer. "Ao fazer isso com um programa alimentar, em menos de um mês já dá para a pessoa se animar [com os resultados]", afirma Quiros.
"O bom do verão é que você está na praia ou no parque, curtindo, e ao mesmo tempo tem resultados", diz Lizzie Tukamoto Fernandes, professora de educação física da Competition. Atividades lúdicas que não são necessariamente parte de um programa organizado de exercícios ajudam muito. "Um vôlei ou uma pelada na praia, um jogo de frescobol permitem que a pessoa gaste bastante energia quase sem perceber. Podem substituir, em certos dias, a corrida ou a natação regular", diz.
Praticante de natação no mar, uma atividade que vem ganhando adeptos, Fernandes aconselha aos novatos que treinem em uma piscina antes de se aventurarem no mar. "No início, é bom nadar [no mar] com um grupo de apoio, com professores e equipamentos para qualquer emergência", orienta. Outro conselho é, antes de entrar no mar, buscar informações sobre o comportamento das correntes no local. Quem está sozinho precisa avisar um salva-vidas de que pretende nadar e, quando entrar na água, manter-se no campo de visão do profissional.

Cuidados essenciais
As atividades de intensidade moderada são as mais indicadas para quem quer gastar os depósitos de gordura do corpo, diz Keila Fontana, fisiologista do exercício e doutora em ciências da saúde da UnB (Universidade de Brasília). Mas ela lembra que mesmo uma inocente caminhada na praia requer cuidados. "O verão é complexo, é uma situação agressiva para o organismo. O exercício é um fator a mais de estresse. O calor externo, mais o produzido pela atividade, pode alterar o equilíbrio hídrico, levar à hipertemia e fazer com que o sistema circulatório entre em pane", adverte.
As principais recomendações da fisiologista para quem vai se exercitar no calor, principalmente ao ar livre, são: ingerir muito líquido antes, durante e depois da atividade; não praticar em horários de pico do sol; usar filtro solar específico para esporte (à prova d'água e que não escorre com o suor); usar roupas que permitam a evaporação do suor e calçados adequados.
"Muita gente ainda acredita que suar bastante [durante o exercício] emagrece mais. Para isso, usam plásticos sob a roupa, o que é um absurdo", diz Fontana. Além de não emagrecer, porque a perda é apenas de água, roupas quentes ou plásticos impedem a dissipação do calor, feita por meio da transpiração, causando um desequilíbrio térmico.
Ela lembra que correr ou andar na areia com os pés descalços tampouco é indicado. Tênis e meias evitam torções, protegem as articulações dos pés e das pernas e diminuem a chance de se formarem bolhas. "Mesmo uma caminhada na praia pode causar dor muscular e, quando a atividade traz desconforto, deixa de ser prazerosa e é mais difícil manter a regularidade", diz Fontana.


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