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verão
Emagreça no verão
O tempo quente aumenta a disposição para praticar exercícios físicos e diminui a sensação de fome
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Q
uem ainda não conseguiu colocar em
prática a promessa
de fim de ano (ou de
sempre) de eliminar os quilos
extras pode aproveitar: o verão,
apesar das chuvas e trovoadas,
não acabou. E o calor é um ótimo aliado para quem quer emagrecer. "É mais fácil perder peso quando está quente. As pessoas sentem menos fome e estão mais dispostas a comer saladas e alimentos menos calóricos. Mas o principal motivo é
que, no verão, as pessoas têm
muito mais estímulo para emagrecer porque expõem mais o
corpo, vão à praia, não ficam escondidas sob casacos e capotes", acredita o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo).
Além do estímulo de sair
bem na foto de biquíni ou de
sunga, no verão o mecanismo
de saciedade é mais eficiente.
"Com uma quantidade menor
de comida, já nos sentimos saciados. Por isso, é mais fácil lidar com a sensação de fome
nesse período do que no inverno", diz a nutricionista e especialista em fisiologia do exercício da Unifesp Cibele Crispim.
A esse fator, Crispim acrescenta o maior apelo para sair de
casa e fazer atividades físicas ao
ar livre. A soma das vantagens
teóricas é comprovada nos resultados práticos, conta a nutricionista. "Com os pacientes,
podemos ver que os melhores
resultados [nos programas de
emagrecimento] acontecem
nessa época do ano."
Um incentivo extra: os efeitos podem ser observados em
menos tempo. Isso porque, no
verão, o nosso metabolismo é
mais ativo. "O organismo pode
se dar ao luxo de perder mais
calorias nas atividades diárias
porque não precisa gastá-las
para manter a temperatura interna. No inverno, o metabolismo fica mais lento, pois precisa
dessas calorias para gerar calor", explica Claudia Cozer, endocrinologista da USP (Universidade de São Paulo) e diretora
da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade
e da Síndrome Metabólica).
Crispim avisa, porém, que
não basta a temperatura subir
para passar, automaticamente,
a comer menos e conseqüentemente emagrecer.
O verão tem também armadilhas, que desequilibram a balança de quem quer perder peso. Do mesmo modo que há
maior disposição para comer
saladas e frutas, aumenta a
vontade de consumir alimentos e bebidas geladas. Não é
preciso um grande esforço de
imaginação para se lembrar da
cerveja e do sorvete. Como esses itens fazem parte de todo
pacote de verão, não há como
ignorá-los. "Não dá para passar
o verão apenas com salada, ninguém agüenta. É melhor comer
de tudo, mas de forma inteligente, para conseguir emagrecer", diz a nutricionista.
O fator prazer
A idéia é perder peso sem
perder o prazer -esse é outro
fator que contribui para o sucesso dos programas de emagrecimento no verão. E vale
bastante para a atividade física.
"As atividades feitas ao ar livre
são prazerosas e estimulantes,
o que gera uma maior adesão ao
programa de exercícios", diz
Fabian Quiros, professor de
educação física do programa
Outdoors, da academia Competition, em São Paulo.
A possibilidade de variar o tipo de atividade (caminhar, correr, nadar, jogar bola, pedalar
etc.) e o cenário (praia, parques,
ruas) quebra a monotonia dos
exercícios e ajuda a manter a
freqüência e a regularidade.
"Isso é fundamental para obter
resultados", lembra Quiros.
Realizar as atividades por 30
a 60 minutos, no mínimo três
vezes por semana, é o indicado
para quem quer emagrecer.
"Ao fazer isso com um programa alimentar, em menos de um
mês já dá para a pessoa se animar [com os resultados]", afirma Quiros.
"O bom do verão é que você
está na praia ou no parque, curtindo, e ao mesmo tempo tem
resultados", diz Lizzie Tukamoto Fernandes, professora de
educação física da Competition. Atividades lúdicas que
não são necessariamente parte
de um programa organizado de
exercícios ajudam muito. "Um
vôlei ou uma pelada na praia,
um jogo de frescobol permitem
que a pessoa gaste bastante
energia quase sem perceber.
Podem substituir, em certos
dias, a corrida ou a natação regular", diz.
Praticante de natação no
mar, uma atividade que vem ganhando adeptos, Fernandes
aconselha aos novatos que treinem em uma piscina antes de
se aventurarem no mar. "No
início, é bom nadar [no mar]
com um grupo de apoio, com
professores e equipamentos
para qualquer emergência",
orienta. Outro conselho é, antes de entrar no mar, buscar informações sobre o comportamento das correntes no local.
Quem está sozinho precisa avisar um salva-vidas de que pretende nadar e, quando entrar
na água, manter-se no campo
de visão do profissional.
Cuidados essenciais
As atividades de intensidade
moderada são as mais indicadas para quem quer gastar os
depósitos de gordura do corpo,
diz Keila Fontana, fisiologista
do exercício e doutora em ciências da saúde da UnB (Universidade de Brasília). Mas ela lembra que mesmo uma inocente
caminhada na praia requer cuidados. "O verão é complexo, é
uma situação agressiva para o
organismo. O exercício é um fator a mais de estresse. O calor
externo, mais o produzido pela
atividade, pode alterar o equilíbrio hídrico, levar à hipertemia
e fazer com que o sistema circulatório entre em pane", adverte.
As principais recomendações da fisiologista para quem
vai se exercitar no calor, principalmente ao ar livre, são: ingerir muito líquido antes, durante
e depois da atividade; não praticar em horários de pico do sol;
usar filtro solar específico para
esporte (à prova d'água e que
não escorre com o suor); usar
roupas que permitam a evaporação do suor e calçados adequados.
"Muita gente ainda acredita
que suar bastante [durante o
exercício] emagrece mais. Para
isso, usam plásticos sob a roupa, o que é um absurdo", diz
Fontana. Além de não emagrecer, porque a perda é apenas de
água, roupas quentes ou plásticos impedem a dissipação do
calor, feita por meio da transpiração, causando um desequilíbrio térmico.
Ela lembra que correr ou andar na areia com os pés descalços tampouco é indicado. Tênis
e meias evitam torções, protegem as articulações dos pés e
das pernas e diminuem a chance de se formarem bolhas.
"Mesmo uma caminhada na
praia pode causar dor muscular
e, quando a atividade traz desconforto, deixa de ser prazerosa e é mais difícil manter a regularidade", diz Fontana.
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