São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2001
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Boicote à Nike melhora vida de vietnamita

Se dar preferência a produtos ecologicamente corretos serve de incentivo para que empresas adotem medidas de preservação, boicotar as que se utilizam de trabalho infantil ou exploram seus funcionários melhora a vida de muita gente.
O caso mais bem-sucedido de boicote de consumidores é o que envolve a multinacional Nike.
Em novembro de 97, uma auditoria interna recheada de denúncias sobre as más condições de trabalho em uma fábrica da Nike no Vietnã veio à tona e causou rebuliço internacional. A investigação constatou que 77% dos funcionários tinham problemas respiratórios. Eles eram expostos a agentes cancerígenos que excediam 177 vezes os limites legais permitidos no Vietnã. Recebiam US$ 10 por 65 horas de trabalho semanal e não usavam equipamentos de segurança, mesmo em situações de alto risco.
Apesar da repercussão na imprensa, a Nike passou quase seis meses negando que suas subsidiárias na Ásia maltratassem ou explorassem os funcionários. Os consumidores, então, reagiram. O presidente da Nike, Phil Knight, recebeu 33 mil cartas exigindo que contratasse empresas independentes para monitorar as condições de trabalho em suas fábricas.
Estudantes solicitavam às universidades a suspensão de contratos com a Nike, uma das principais fornecedores de uniformes nos campi norte-americanos. A fama de desrespeito aos funcionários cresceu, e Knight virou vilão em "The Big One", filme-sátira do comediante Michael Moore.
A pressão surtiu efeito: as ações da Nike na Bolsa de NY, que haviam sido negociadas a US$ 74 em fevereiro de 96, caíram para US$ 42 em janeiro de 98. Quatro meses depois, a empresa admitiu as más condições nas fábricas. Knight anunciou medidas para melhorar "drasticamente" a situação, entre elas adotar nas fábricas do exterior as regras de segurança exigidas pela legislação americana, além de tolerância zero com o trabalho infantil.
Os 450 mil empregados das 150 fábricas da Nike na Ásia passaram a ser observados de perto por ONGs, que agora vigiam outras regiões pobres em que a Nike mantém fábricas.


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