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Boicote à Nike melhora vida de vietnamita
Se dar preferência a produtos ecologicamente
corretos serve de incentivo para que empresas
adotem medidas de preservação, boicotar as que
se utilizam de trabalho infantil ou exploram seus
funcionários melhora a vida de muita gente.
O caso mais bem-sucedido de boicote de consumidores é o que envolve a
multinacional Nike.
Em novembro de 97,
uma auditoria interna recheada de denúncias sobre as más condições de
trabalho em uma fábrica
da Nike no Vietnã veio à
tona e causou rebuliço internacional. A investigação constatou que 77%
dos funcionários tinham
problemas respiratórios.
Eles eram expostos a
agentes cancerígenos que
excediam 177 vezes os limites legais permitidos no
Vietnã. Recebiam US$ 10
por 65 horas de trabalho
semanal e não usavam
equipamentos de segurança, mesmo em situações de alto risco.
Apesar da repercussão
na imprensa, a Nike passou quase seis meses negando que suas subsidiárias na Ásia maltratassem
ou explorassem os funcionários. Os consumidores,
então, reagiram. O presidente da Nike, Phil
Knight, recebeu 33 mil
cartas exigindo que contratasse empresas independentes para monitorar
as condições de trabalho
em suas fábricas.
Estudantes solicitavam
às universidades a suspensão de contratos com a
Nike, uma das principais
fornecedores de uniformes nos campi norte-americanos. A fama de
desrespeito aos funcionários cresceu, e Knight virou vilão em "The Big
One", filme-sátira do comediante Michael Moore.
A pressão surtiu efeito:
as ações da Nike na Bolsa
de NY, que haviam sido
negociadas a US$ 74 em
fevereiro de 96, caíram para US$ 42 em janeiro de
98. Quatro meses depois, a
empresa admitiu as más
condições nas fábricas.
Knight anunciou medidas
para melhorar "drasticamente" a situação, entre
elas adotar nas fábricas do
exterior as regras de segurança exigidas pela legislação americana, além de
tolerância zero com o trabalho infantil.
Os 450 mil empregados
das 150 fábricas da Nike
na Ásia passaram a ser observados de perto por
ONGs, que agora vigiam
outras regiões pobres em
que a Nike mantém fábricas.
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