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Cápsulas douradas que valem ouro contra a TPM
Óleo extraído da semente da prímula pode funcionar como remédio para certos males da tensão pré-menstrual e da pele
CIÇA GUEDES - FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma planta utilizada pelos índios americanos há mais de cinco séculos está ganhando adeptos, entre médicos e pacientes, no combate aos sintomas da TPM (tensão pré-menstrual),
que faz muita mulher sofrer com distúrbios que vão de irritabilidade, mau humor e enxaquecas até depressão severa.
O que se utiliza da planta -conhecida como prímula no Brasil e "evening primrose" (prímula da noite,
que é quando ela desabrocha) nos países
de língua inglesa- é o óleo extraído da
semente.
"Esse óleo contém ácido gama-linoleico, substância essencial para a vida do
homem, e a prímula apresenta grandes
concentrações desse ácido. Essa constatação aparece em várias publicações internacionais que fazem o registro dos
medicamentos naturais, como a inglesa
Herbal Medicines", diz o químico Benjamin Gilbert, do Instituto de Tecnologia
em Fármacos, unidade responsável pela
produção de medicamentos da Fiocruz, a
Fundação Oswaldo Cruz.
"Esse ácido atua no equilíbrio dos níveis de prostaglandina, substância responsável pelas reações inflamatórias, inclusive na TPM, proporcionando mais
conforto às mulheres, principalmente às
que sofrem de mastalgia (dores na mama)", diz o pesquisador da Fiocruz.
O homeopata José Pecego diz que tem
receitado os comprimidos do óleo com
frequência em seu consultório no Leblon,
zona sul do Rio, e tem obtido ótimas respostas também na melhora do estado geral e do humor de suas pacientes.
"O óleo é um suplemento alimentar natural, e eu acredito cada dia mais na famosa frase de Hipócrates, o pai da medicina, que diz que nós somos aquilo que
comemos. O uso excessivo de vitaminas e
suplementos sintéticos, muito em voga
no final dos anos 90, mostrou o quanto
essa prática pode ser nociva à saúde, com
muitos efeitos colaterais, e reforçou a necessidade de uma boa alimentação, equilibrada e o mais natural possível", diz ele.
Pecego afirma que, nos seus 23 anos de
prática médica, pôde constatar que o ciclo menstrual altera o humor da maioria
das mulheres, ainda que elas mesmas não
percebam. "De cada dez mulheres que
entram no meu consultório, cinco afirmam que sofrem de TPM, duas dizem
que não, mas que os maridos se queixam
de "mudanças de humor", e três mentem
para si mesmas quando dizem não sentir
nada..."
A advogada Talita Alves, 43, credita ao
uso do óleo de prímula o bem-estar que
tem sentido nos últimos tempos. "Eu tinha crises de cistite frequentes e uma série de desconfortos no período menstrual. Simplesmente acabaram", diz ela.
O pesquisador Benjamin Gilbert afirma
que já foram realizados muitos estudos
clínicos com a prímula em grupos de mulheres que padecem de TPM, e os resultados vão de nenhum efeito a melhoras notáveis. Mas a coordenadora do Ambulatório de TPM do Hospital das Clínicas, da
USP, Mara Diegolis, diz que o óleo só é
indicado para o tratamento de casos com sintomas mais leves, como mastalgia
(dor na mama) e irritabilidade.
"Para quem tem sintomas mais intensos, que incluem depressão, não podemos passar a idéia de que apenas esse suplemento alimentar possa resolver o problema, são necessárias outras medidas.
Há relatos de mulheres que apresentaram melhoras só no primeiro mês de uso
do óleo de prímula", diz Diegolis.
De qualquer maneira, para todo caso
de TPM, a especialista recomenda dieta
pobre em sal e cafeína e rica em verduras
e substâncias diuréticas, prática de exercícios e nada de cigarro. "Também é muito importante fugir de situações estressantes e evitar tomar decisões importantes nesses dias", sugere ela.
Mas não são só as mulheres que estão
buscando conforto nas cápsulas douradas da prímula. O pneumologista Alexandre Carvalho, que mora em Dallas
(EUA), toma uma combinação do óleo
com vitamina E e diz sentir-se muito melhor para enfrentar situações tensas: "Eu
sempre fico muito estressado em dia de
viagem de avião com a família: horário,
passagens, quatro passaportes etc. Tomei
na minha última viagem e acho que ajudou a me acalmar, minha mulher notou
diferença no meu humor. Ela toma para a
TPM e se sente mais calma e tolerante,
não fica atazanada com qualquer aborrecimento".
Um alerta: quem sofre de convulsões,
tem epilepsia ou apenas faz uso de drogas
epileptogênicas (contra epilepsia) devem
evitar o produto.
Grávidas também não devem tomar o
suplemento alimentar sem consultar o
médico, pois os efeitos teratogênicos (relativos à má-formação do feto) foram testados apenas em animais.
"De cada dez mulheres que entram no
meu consultório, cinco afirmam que
sofrem de TPM, duas dizem que não,
mas que os maridos se queixam de
"mudanças de humor", e três mentem
para si mesmas quando dizem não
sentir nada..."
José Pecego, médico-homeopata
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