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foco neles
Internet auxilia a comunicação entre surdos
ANA PAULA DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Anúncios de emprego para surdos, indicação de missas com intérpretes que
usam linguagem de sinais e lista de TS
(telefones de surdos) são alguns dos serviços oferecidos pelo Diário do Surdo
(www.diariodosurdo.com.br), desenvolvido pelos estudantes Aldo Augusto
de Souza Lima Neto, 27, o "Tuco", e Denis Repullo Abreu, 19, ambos deficientes
auditivos. "Temos o site para jovens surdos mais completo do país", afirma Lima. Leia a entrevista abaixo.
Folha - Vocês já tinham outros sites para
deficientes auditivos?
Aldo Augusto de Souza Lima Neto - Sim,
mas eram amadores, principalmente o
do Denis, que era muito pesado. Não
existe um site como o nosso. Isso é comum lá fora. Aqui só existem sites mais
sérios, que não têm a cara do jovem.
Folha - Qual é o diferencial do seu site?
Lima - Acho que é o site mais completo
para jovens surdos. Tem vários assuntos
relacionados à surdez, como lista de TS
(telefones de surdos), prestadores de serviços, oportunidades de emprego, fotos,
fórum, loja virtual, escolas e faculdades,
além de uma sala de bate-papo.
Denis Repullo Abreu - No meu antigo
site, fiz uma lista de pessoas surdas e seus
endereços de mensagens instantâneas.
Assim, ficava mais fácil para surdo achar
surdo e conversar com surdo.
Folha - Qual é a maior dificuldade de um
deficiente auditivo?
Lima - As pessoas não estão acostumadas a lidar com surdos. Tem até gente que
acha que temos problemas mentais. O
McDonald's, por exemplo, tem cardápio
em braile, mas não tem treinamento para
atender surdos.
Abreu - As pessoas falam rápido e não
abrem a boca o suficiente. Não dá para
entender. Seria bom se todos soubessem
se comunicar pela linguagem de sinais.
Lima - Daí ficamos com aquela cara de
quem não entendeu nada e parece que
somos bobos. Cerca de 80% dos surdos
não conseguem ler lábios. Surdo não pode ser jogador de futebol, porque não dá
para ouvir o apito do árbitro, mas o passatempo preferido do surdo é jogar futebol! O que a gente quer são os mesmos
direitos dos deficientes físicos. Eles, por
exemplo, não pagam passagem de avião.
Queremos essa igualdade.
Folha - Não há o mesmo tratamento?
Lima - Claro que não! Aparentemente,
não somos diferentes, não temos restrições. Mas melhoraria muito nossa qualidade de vida se tivéssemos os mesmos direitos dos deficientes físicos. Nos Estados
Unidos, a lei é igual para todos.
Folha - O que vocês gostariam que fosse
transformado em lei?
Lima - Surdo adora ir ao cinema, mas
só dá para assistir a filmes estrangeiros,
por causa das legendas. Seria bom se
todos tivessem legendas.
Folha - Em que o Diário do Surdo pode
melhorar a vida de seus visitantes?
Lima - Temos serviços para surdos
reunidos em um só lugar. Por exemplo,
dá para enviar mensagens para pagers
do nosso site. É difícil, quase impossível
mandar mensagem via telefonista. Sem
contar que ainda temos oportunidades
de emprego, o que ajuda bastante.
Folha - Já tem patrocinador?
Lima - Temos parceria com a Faculdade Radial, a Widex [fabricante de aparelhos para surdez] e a Koller [empresa
de telefones para surdos], entre outros.
Mas estamos abertos para qualquer
conversa.
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