São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010
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Pagando os juros

O aposentado Mateus, 56, foi jogador compulsivo durante dois anos. Jogou de tudo um pouco: baralho, bingo, caça-níqueis, loterias.
Todas as partidas envolviam apostas em dinheiro. O vício era tão grande que Mateus chegou a vender o carro para pagar dívidas do jogo.
Mas não foi o suficiente. Sem renda para continuar bancando suas apostas, ele entrou no cheque especial. Depois passou a pedir empréstimos em bancos.
Ficou devendo para seis administradoras de cartão de crédito, emprestou dinheiro de financeiras. Perdeu completamente a noção do que estava acontecendo.
"Eram dívidas a perder de vista. Juros em cima de juros", diz Mateus. "Cheguei a apostar um salário inteiro em um único dia", conta.
Casado e pai de um filho, Mateus diz que a família não sabia de sua condição, até o momento em que ele pediu "socorro", pois pensou em se suicidar. "Não sabia mais onde pedir dinheiro emprestado, estava desesperado."
Procurou ajuda no Jogadores Anônimos, participou de algumas reuniões e viu que ali conseguiria resolver seu problema. "Demorei para entender que o meu vício era uma doença", diz.
Nos tempos de vício, Mateus acumulou uma dívida de cerca de R$ 60 mil. Está sem jogar há oito anos e meio, mas ainda amarga o pagamento dos resquícios da dívida. "Até hoje sofro as consequências", finaliza.


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