São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010
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Partidinha a um real

Faz mais de 15 anos que a turma de amigas da dona de casa Rosana Maria Cardoso, 48, se reúne três vezes por semana para jogar baralho.
A mais velha do grupo tem 87 anos. A mais jovem, 48. As partidas incluem jogos de buraco, tranca e cacheta e são sempre disputadas a dinheiro -"senão, não tem graça", diz ela.
Porém, ao contrário do que ocorre com os jogadores patológicos, a jogatina do grupo de amigas não é considerada um problema porque elas não acumulam prejuízos por causa da atividade.
Os valores das apostas são irrisórios -cada partida custa, em média, R$ 1. "Assim não pesa no bolso de ninguém", explica Rosana.
Segundo o psiquiatra Hermano Tavares, do ambulatório de jogo patológico do HC, um jogador só está em risco de se tornar compulsivo quando tem algum prejuízo.
"Não precisa ser necessariamente financeiro. Pode ser um atraso no trabalho, dificuldades conjugais, perda de compromissos. Tudo isso junto deixa a pessoa em risco potencial", explica Tavares.
Assim, continua ele, o grupo de senhoras se enquadra na lista dos "jogadores sociais". "São aqueles que fazem do jogo uma diversão e não vivem para isso", diz.
Durante a semana, os jogos são à tarde. Já aos sábados, a jogatina vara a madrugada: em geral começa às 18h30 e nunca termina antes das 3h da manhã.
"Não somos viciadas. Jogar é uma distração, uma diversão. Mas quando não posso ir, fico mal, sinto falta de uma partidinha", diz ela.


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