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Partidinha a um real
Faz mais de 15 anos que a
turma de amigas da dona de
casa Rosana Maria Cardoso,
48, se reúne três vezes por semana para jogar baralho.
A mais velha do grupo tem
87 anos. A mais jovem, 48. As
partidas incluem jogos de
buraco, tranca e cacheta e
são sempre disputadas a dinheiro -"senão, não tem
graça", diz ela.
Porém, ao contrário do
que ocorre com os jogadores
patológicos, a jogatina do
grupo de amigas não é considerada um problema porque
elas não acumulam prejuízos
por causa da atividade.
Os valores das apostas são
irrisórios -cada partida custa, em média, R$ 1. "Assim
não pesa no bolso de ninguém", explica Rosana.
Segundo o psiquiatra Hermano Tavares, do ambulatório de jogo patológico do HC,
um jogador só está em risco
de se tornar compulsivo
quando tem algum prejuízo.
"Não precisa ser necessariamente financeiro. Pode ser
um atraso no trabalho, dificuldades conjugais, perda de
compromissos. Tudo isso
junto deixa a pessoa em risco
potencial", explica Tavares.
Assim, continua ele, o grupo de senhoras se enquadra
na lista dos "jogadores sociais". "São aqueles que fazem do jogo uma diversão e
não vivem para isso", diz.
Durante a semana, os jogos são à tarde. Já aos sábados, a jogatina vara a madrugada: em geral começa às
18h30 e nunca termina antes
das 3h da manhã.
"Não somos viciadas. Jogar é uma distração, uma diversão. Mas quando não posso ir, fico mal, sinto falta de
uma partidinha", diz ela.
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