São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006 |
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S.O.S. família Meninas transformadas em mulheres
Temos permitido que meninas de
nove a 12 anos pensem que já são
mulheres feitas. Aliás, temos muito
mais que permitido: temos autorizado e até incentivado que elas se
vistam, comportem-se e tenham anseios que
dizem respeito ao mundo feminino adulto,
que elas ainda não deveriam freqüentar.
Um segundo ponto é que as crianças têm sido hiperestimuladas a crescer com muita rapidez. São os pais que, devidamente conectados com o novo mundo, anseiam que seus filhos adquiram a maior quantidade possível de conhecimento -notadamente o acadêmico- para que estejam preparados para o que há de vir: a dura vida competitiva. Além disso, os pais têm confundido o que significa estabelecer um diálogo aberto sobre qualquer assunto com falar tudo de tudo aos filhos. Sim, eles não têm poupado os filhos de nenhum detalhe de temas que não habitam ainda o mundo infantil. E o mais interessante é que esses mesmos pais ocultam dos filhos questões que não deveriam porque fazem parte da vida. O problema é que os pais, em consonância com a sociedade, tratam seus filhos como se fossem pequenos adultos. Quem é empurrado a crescer tenta fazê-lo, ou pelo menos parecer que o faz, com velocidade dobrada. Por isso, não é de estranhar essa tendência de as meninas quererem se tornar mulheres muito mais cedo. Mas há um problema: elas podem ter corpo quase adulto, podem adquirir uma expressão corporal que mimetiza o erotismo feminino adulto, podem ter vocabulário e usar a linguagem adulta, mas, emocional e psicologicamente, são meninas. Crianças que têm sido roubadas de seu tempo de ser criança. Os pais que não aderem a esse movimento social podem fazer pouco, mas podem interferir, mesmo que não apareçam resultados de imediato. Podem, por exemplo, deixar claro que não pactuam com essa tendência e que, por isso, não aceitam determinadas vestimentas, não permitem que elas façam determinados programas nem que adotem certos estilos de vida. Mesmo que isso torne a filha diferente da maioria das colegas e amigas. Transmitir os valores familiares é a tarefa mais importante dos pais. Além disso, ensinar a ser diferente é ensinar o convívio respeitoso com as diferenças, e isso é algo que está em falta em nosso tempo. ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha) @ - roselysayao@folhasp.com.br Texto Anterior: Poucas e boas Índice |
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