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É nessa época do ano que elas aparecem em locais inusitados,
como caixas de som e sofás, assustando mesmo sem fazer mal
Como driblar a invasão de abelhas no verão
MARGARETE MAGALHÃES
-FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quem já passou pela experiência sabe
como pode ser assustadora. As abelhas chegam de repente e, em questão de
minutos, instalam suas colméias em lugares esdrúxulos e nada bucólicos: garagens,
vãos de parede, forros, montes de entulho, caixas de som, sofás abandonados e até
guarda-roupas. Resultado: a família toda
entra em pânico, sem saber o que fazer
com os novos vizinhos, que, além de
zumbir, estão "armados" com ferrões.
A solução desse problema requer alguns cuidados. O principal é não tentar
espantar as abelhas sem ajuda especializada. Pode ser dolorido e perigoso, pois
as abelhas podem atacar se sentirem que
estão sendo ameaçadas, e algumas pessoas são alérgicas a picada de abelha.
Além disso, matar esses insetos é ilegal.
Isso mesmo: as abelhas estão protegidas
pela Lei Ambiental 9065/98. "Mexer nesse "vespeiro" é crime inafiançável", explica Josafá Bispo, apicultor e tenente da reserva do Corpo de Bombeiros.
Antes de procurar ajuda, porém, é preciso ter certeza de que as abelhas se instalaram definitivamente. É comum que
elas fiquem apenas por alguns dias, indo
embora naturalmente se não gostarem
da nova vizinhança.
Se o problema persistir, quem mora em
São Paulo pode entrar em contato com o
Centro de Controle de Zoonoses (leia ao
lado), que retira enxames gratuitamente.
Mas é preciso paciência porque o órgão
não oferece pronto atendimento, principalmente nos meses mais quentes, em
que o número de solicitações aumenta
muito. Em agosto, por exemplo, o centro
recebeu 168 pedidos. Em outubro, o número pulou para 550, o que impediu que
a equipe, formada por apenas quatro
pessoas, conseguisse atender a todos.
Outra alternativa é contratar profissionais que fazem esse tipo de serviço. A Associação Paulista de Apicultores, Criadores de Abelhas Melíficas Européias (Apacame) indica empresas especializadas
(leia ao lado), como a Beebuster's, do apicultor Bispo. O serviço custa de R$ 20 a
R$ 150. A faixa de preço é elástica porque
o serviço leva em conta algumas variáveis, como tempo de existência e localização da colméia. "A retirada pode até envolver risco de vida; em prédios, por
exemplo, às vezes somos obrigados a escalar as paredes", explica ele.
Os especialistas usam roupas, luvas e
escadas próprias para a tarefa, além de
utilizar técnicas que não agridem nem as
abelhas nem os moradores da casa. Uma
delas é a fumigação: um pouco de serragem é queimada, e sua fumaça é espalhada com a ajuda de uma sanfona. "As abelhas sentem que há perigo, enchem o papo e recolhem o mel. Ficam pesadas e
com menos agilidade", explica Astrid
Kleinert, professora do Instituto de Biociência da USP. Mais calmas, são recolhidas numa caixa e levadas a um apiário.
Outra tática é fazer a retirada à noite.
De dia, as abelhas estão mais agitadas. À
noite, as novas inquilinas, que não têm
visão noturna, estão mais sossegadas e
menos propensas a ferroar.
A procura por esse tipo de serviço aumenta no verão, e a explicação para isso
está no ciclo de vida das abelhas. Durante
o inverno, a abelha rainha produz mais
de 2.000 ovos por dia. Isso provoca uma
verdadeira superpopulação nas colméias, e as jovens abelhas são obrigadas a
construir novas casas. Por isso, a partir de
setembro começa o vaivém das abelhas,
processo que é conhecido como enxameação. "A movimentação das abelhas é
muito grande entre setembro e março",
diz a veterinária Elizabete Silva, do Centro de Controle de Zoonoses.
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