São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2000
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É nessa época do ano que elas aparecem em locais inusitados, como caixas de som e sofás, assustando mesmo sem fazer mal
Como driblar a invasão de abelhas no verão

MARGARETE MAGALHÃES
-FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem já passou pela experiência sabe como pode ser assustadora. As abelhas chegam de repente e, em questão de minutos, instalam suas colméias em lugares esdrúxulos e nada bucólicos: garagens, vãos de parede, forros, montes de entulho, caixas de som, sofás abandonados e até guarda-roupas. Resultado: a família toda entra em pânico, sem saber o que fazer com os novos vizinhos, que, além de zumbir, estão "armados" com ferrões.
A solução desse problema requer alguns cuidados. O principal é não tentar espantar as abelhas sem ajuda especializada. Pode ser dolorido e perigoso, pois as abelhas podem atacar se sentirem que estão sendo ameaçadas, e algumas pessoas são alérgicas a picada de abelha. Além disso, matar esses insetos é ilegal. Isso mesmo: as abelhas estão protegidas pela Lei Ambiental 9065/98. "Mexer nesse "vespeiro" é crime inafiançável", explica Josafá Bispo, apicultor e tenente da reserva do Corpo de Bombeiros.
Antes de procurar ajuda, porém, é preciso ter certeza de que as abelhas se instalaram definitivamente. É comum que elas fiquem apenas por alguns dias, indo embora naturalmente se não gostarem da nova vizinhança.
Se o problema persistir, quem mora em São Paulo pode entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses (leia ao lado), que retira enxames gratuitamente. Mas é preciso paciência porque o órgão não oferece pronto atendimento, principalmente nos meses mais quentes, em que o número de solicitações aumenta muito. Em agosto, por exemplo, o centro recebeu 168 pedidos. Em outubro, o número pulou para 550, o que impediu que a equipe, formada por apenas quatro pessoas, conseguisse atender a todos.
Outra alternativa é contratar profissionais que fazem esse tipo de serviço. A Associação Paulista de Apicultores, Criadores de Abelhas Melíficas Européias (Apacame) indica empresas especializadas (leia ao lado), como a Beebuster's, do apicultor Bispo. O serviço custa de R$ 20 a R$ 150. A faixa de preço é elástica porque o serviço leva em conta algumas variáveis, como tempo de existência e localização da colméia. "A retirada pode até envolver risco de vida; em prédios, por exemplo, às vezes somos obrigados a escalar as paredes", explica ele.
Os especialistas usam roupas, luvas e escadas próprias para a tarefa, além de utilizar técnicas que não agridem nem as abelhas nem os moradores da casa. Uma delas é a fumigação: um pouco de serragem é queimada, e sua fumaça é espalhada com a ajuda de uma sanfona. "As abelhas sentem que há perigo, enchem o papo e recolhem o mel. Ficam pesadas e com menos agilidade", explica Astrid Kleinert, professora do Instituto de Biociência da USP. Mais calmas, são recolhidas numa caixa e levadas a um apiário.
Outra tática é fazer a retirada à noite. De dia, as abelhas estão mais agitadas. À noite, as novas inquilinas, que não têm visão noturna, estão mais sossegadas e menos propensas a ferroar.
A procura por esse tipo de serviço aumenta no verão, e a explicação para isso está no ciclo de vida das abelhas. Durante o inverno, a abelha rainha produz mais de 2.000 ovos por dia. Isso provoca uma verdadeira superpopulação nas colméias, e as jovens abelhas são obrigadas a construir novas casas. Por isso, a partir de setembro começa o vaivém das abelhas, processo que é conhecido como enxameação. "A movimentação das abelhas é muito grande entre setembro e março", diz a veterinária Elizabete Silva, do Centro de Controle de Zoonoses.



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