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No Alto de Pinheiros e no Tatuapé, duas torres de retransmissão de sinal de celular foram desligadas porque estavam irregulares
Moradores conseguem desativar antenas em SP
Caio Guatelli/Folha Imagem
![](../images/q1704200307.jpg) |
Gisele Moreau (no centro, com sua filha no colo) e outros membros da Abradecel lutaram contra uma antena irregular |
SIMONE IWASSO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mobilizados há três anos, um grupo de moradores do bairro
de Alto de Pinheiros (zona oeste), em São Paulo, deu uma
lição de cidadania ao conseguir o desligamento de uma antena de
celular instalada irregularmente na praça do Pôr-do-Sol. O que
começou com o descontentamento de uma moradora transformou-se em um movimento do bairro e, posteriormente, da Associação Brasileira de Moradores e
Usuários Intranquilos com Equipamentos de Telefonia Celular
(Abradecel).
A responsável por tudo isso é a ilustradora Gisele Moreau, 41, que
morou próximo à antena até o ano passado e é militante ativa na
briga contra as antenas instaladas sem autorização.
Entre as árvores
"Quando
me mudei para o bairro, a antena
já estava lá, escondida entre as árvores. Além da possibilidade de
causar danos à saúde, a antena
emite ruídos e trepidações incômodas", afirma.
Aos poucos, a ilustradora encontrou outras pessoas que enfrentavam o mesmo problema
em seus bairros. "Conheci o João
Carlos Peres, que mora em Higienópolis e também estava lutando
contra uma antena irregular próxima à casa dele. Nós nos unimos
e começamos a associação."
Moreau entrou em contato com
a Sempla (Secretaria Estadual de
Planejamento) e descobriu que a
antena na rua Ourânia havia sido
instalada sem autorização da prefeitura. Em seguida, ela contatou
a Subprefeitura de Pinheiros, responsável pela região.
"Eles enviaram um fiscal e multaram a empresa. No entanto a
Telesp conseguiu uma liminar na
Justiça, impedindo o desligamento da antena", diz ela. Os moradores não desistiram: entraram com
uma ação civil pública na Justiça e
conseguiram o desligamento da
antena irregular.
Transtornos
Problema semelhante foi vivido pela assistente
social aposentada Marli Lourenço
da Silva, 47. Moradora do Tatuapé (zona leste), ela lutou durante
quatro anos contra uma antena
irregular de outra operadora instalada a um metro de sua casa. "Se
o risco que elas representam para
a saúde ainda é controverso [leia
na pág. ao lado", os transtornos
que elas causam são concretos."
"A antena desvalorizou meu
imóvel, causou rachaduras na parede da frente da minha casa por
causa das trepidações e me deixou com problemas para dormir", diz. Durante a madrugada,
o sistema de refrigeração da antena era ligado, causando um barulho semelhante ao feito por uma
turbina de avião.
"Como não tinha dinheiro para
contratar um advogado, tive que
correr atrás da prefeitura e dos órgãos públicos. Eu falava para eles:
"Não tenho dinheiro, mas tenho
tempo e informação"." A aposentada conseguiu que a antena fosse
desmontada após uma peregrinação pela Sempla, pela Secretaria
Estadual do Meio Ambiente e até
pela delegacia de polícia.
Torres
Apesar de serem chamadas de antenas, as instalações que
foram desativadas em Pinheiros e
no Tatuapé são torres de sustentação para as estações de rádio-base
(ERBs). Elas são responsáveis pela
retransmissão dos sinais dos telefones celulares.
Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), há
mais de 300 ERBs legalizadas apenas na cidade de São Paulo.
De acordo com a Sempla, a proliferação das instalações irregulares
ocorreu porque as empresas entravam com o pedido de autorização,
mas não esperavam sua aprovação.
As torres eram então instaladas e
entravam em funcionamento sem
autorização e sem fiscalização.
De acordo com a Abradecel, existem mais de mil antenas irregulares
na cidade. Elas geralmente são instaladas durante à noite e em ruas
residenciais. Quem localizar uma
antena no bairro onde mora e quiser verificar se ela possui ou não autorização para funcionamento deve procurar a subprefeitura responsável pela área e solicitar a vistoria de um fiscal.
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