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Cérebro, e não o fígado, é o órgão mais atingido
Embora a maioria das pessoas aponte o
fígado como a principal vítima da bebida,
é o cérebro quem mais sofre com o excesso de álcool.
"Entre 50% e 70% dos alcoólatras apresentam problemas no sistema nervoso.
No fígado, são 30%", afirma o psiquiatra
Ronaldo Laranjeira, da Unifesp. Leia
abaixo os principais efeitos.
No cérebro: o álcool age diretamente
nas células cerebrais, provocando diminuição na memória, capacidade de raciocínio complexo e no julgamento de situações. Apesar de boa parte dos estragos
desaparecer após semanas de abstinência, 10% dos alcoólatras têm danos irreversíveis e correm o risco de sofrer demência alcoólica. A bebida também provoca danos ao hipocampo, região ligada
ao aprendizado e à memória. No Brasil,
um estudo da atividade elétrica cerebral
coordenado pelo neurocirurgião Roberto Augusto Campos, da Unifesp, mostra
que o funcionamento do cérebro fica
prejudicado de maneira crônica pelo uso
do álcool. Após verificar como os cérebros de 32 alcoólatras de 30 a 50 anos que
bebiam 1,5 litros de aguardente por dia
respondiam a estímulos auditivos, a
equipe se surpreendeu com a intensidade
dos danos. "Em 70% dos casos não detectamos nenhum tipo de resposta cerebral
ao estímulo", conta Campos.
No fígado: os principais males causados pelo álcool nesse órgão são fígado
gorduroso (o paciente fica com a pele e as
mucosas amareladas porque o álcool gera um depósito de gordura nas células
hepáticas), hepatite alcoólica (a toxicidade do álcool mata as células hepáticas, e
os sintomas mais comuns são aumento
do fígado e dor abdominal) e cirrose (fase
terminal do alcoolismo, em que o fígado
se enche de cicatrizes por causa da morte
das células e tem sua função muito reduzida). Outra doença gastrointestinal comum é a pancreatite crônica (75% dos
portadores desse mal abusam do álcool).
O sintoma mais comum é uma dor abdominal, que se irradia para as costas, não é
aliviada por antiácidos e dura vários dias.
O paciente perde peso e pode se tornar
diabético.
No coração: beber em excesso pode resultar em cardiomiopatia alcoólica, uma
infiltração gordurosa no músculo cardíaco que dilata o coração e diminui sua capacidade de impulsionar sangue. Hipertensão, trombose, infartos e arritmias
cardíacas também podem ser detonados
pelo abuso do álcool.
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