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Alunos buscam treinador para toda atividade
Caratê, judô, natação ou boxe são praticados por atletas amadores sob o controle de personal trainers especializados
Marcelo Barabani/Folha Imagem
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A historiadora Carla Ferraresi tem aulas com um personal especializado em gestantes |
KARINA KLINGER - DA REPORTAGEM LOCAL
O personal trainer não é mais o mesmo. Ele se especializa e agora passa a oferecer um cardápio de programas bastante variado, que vai muito além do trabalho de orientar malhadores na sala da musculação ou em domicílio. Atualmente, há personal trainer para as mais diferentes atividades esportivas -de corrida, natação e dança a boxe e artes marciais- e para todo tipo de aluno.
A historiadora Carla Ferraresi, 29,
por exemplo, é um desses alunos especiais. Ela sempre fez ginástica.
Quando engravidou, não sossegou
até encontrar um personal em quem
pudesse ter confiança, no caso um especialista em malhação para gestantes. "Estou me sentindo mais segura,
alternando aulas de hidroginástica,
musculação e alongamento com uma
pessoa especializada. Não sabia antes
que existia esse tipo de serviço", diz
Carla, grávida de seis meses.
Idosos, adolescentes e portadores
de deficiências são alunos que podem
dispor do professor especializado.
Não se ampliou apenas a atuação
do personal mas também o grau de
exigência dos alunos, que buscam cada vez mais o serviço personalizado a
fim de alcançar eficiência e rapidez
nos resultados.
Há quem chegue a contratar dois
treinadores. É o caso da administradora de empresas Sandra Battistella,
29, que se divide entre um professor
particular de musculação e outro que
ministra aulas individuais de natação. "Certamente meu rendimento
não seria o mesmo sem a ajuda de um
treinador", diz ela. Sua principal meta é o aprimoramento -tanto do
condicionamento quanto das formas
físicas.
"E acho que valeu a pena. Meu corpo mudou muito durante este ano de
malhação com a supervisão direta de
dois profissionais. Eles me ajudaram
a chegar até a meta almejada", diz
Battistella.
Já a meta do engenheiro Rafael Rodrigues, 32, quando resolveu optar
por aulas particulares, era ganhar
tempo no aprendizado de boxe.
"Com uma meta definida e acompanhada de pertinho pelo personal,
meu desempenhou melhorou muito.
Com a ajuda do treinador, parece
mais fácil alcançar os objetivos. O trabalho deixa de ser individual e ganha
a força da dupla", diz.
Personal tem estúdio
Começa a
chegar no Brasil uma novidade importada dos Estados Unidos sob medida para estes tempos de valorização
do exercício físico praticado sob as
barbas do personal. São os chamados
estúdios, paraíso do atendimento individualizado. Alguns até oferecem
aulas coletivas de ginástica, mas apenas para grupos pequenos de alunos,
em que cada pupilo é monitorado por
um ou até três professores.
Vantagens: reúne um número restrito de frequentadores com o mesmo
interesse e com pouco tempo disponível, o que significa clima mais tranquilo, sem tititi, e não há -ou pelo
menos não deve haver- fila para os
aparelhos.
Em São Paulo, acaba de ser inaugurado um desses estúdios, provavelmente o primeiro da cidade. Instalado no bairro do Itaim, o Work Inn já é
frequentado por 60 alunos, a maioria
deles empresários, diz o professor e
um dos sócios da escola Jorge André
de Oliveira.
"Queria algo mais profissional e
consegui. Agora, não preciso mais ficar na fila para usar os aparelhos", diz
o financista Marcelo Schmidt, 34, que
migrou para a Work Inn alegando
cansaço do burburinho da academia.
No Rio de Janeiro, os cariocas dispõem do estúdio Personal Center, na
Barra da Tijuca.
Para a proprietária e professora
Daisy Pinheiro, essa nova onda é uma
evolução natural do trabalho do personal e da mudança de interesse dos
alunos. "O público pede um atendimento personalizado, mas também
uma sociabilização. Com o tempo, as
aulas individuais em casa ficam chatas e monótonas", diz.
Nas academias tradicionais, as aulas também podem ficar tediosas. O
fato é que o aumento da procura pelo
serviço personalizado faz surgir salas
especiais, como a inaugurada este
ano pela Fórmula para aulas particulares de jiu-jitsu, boxe, caratê, "muay
thai" (luta tailandesa) e capoeira. Elas
são procuradas, em geral, por quem
fica constrangido na prática coletiva
ou porque quer aprimorar a técnica,
diz o professor Marcelo Calegari.
Além disso, algumas das grandes
academias de São Paulo, como a Reebok Sports Club, a Fórmula e a Bio
Ritmo, oferecem as chamadas salas
vips, onde é dado o atendimento personalizado. E elas são um sucesso. A
sala da Fórmula, por exemplo, é usufruída por 20% dos frequentadores
da academia.
O personal trainer de Madonna,
Sandra Bulock, Naomi Campbell, entre outras estrelas, está lançando no
Brasil seu guia "Boa Forma em 90
Dias" (ed. Globo). Em entrevista à
Folha, o inglês Matt Roberts não poupou otimismo na sua previsão: "No
futuro, o serviço desse treinador será
tão valorizado quanto os serviços
prestados por um médico ou um
dentista. Ter um personal não será
mais um luxo, mas uma forma de
busca de qualidade de vida".
Na Inglaterra, pode ser. No Brasil,
vale o alerta do professor André Galvão, presidente da Associação Brasileira de Personal Trainer, para quem
a especialização é algo inevitável e positivo na área do esporte. Com um
porém: hoje, qualquer pessoa formada em educação física pode atuar como personal, e o ideal, segundo a associação, seria que cada um fizesse
um curso de pós-graduação em uma
atividade.
"Afinal, é impossível ter um profissional expert nas 80 modalidades oferecidas pelas academias", diz Galvão.
Ou seja, o alerta é para que o aluno fuja de quem vende um cardápio sem
fim de especializações.
Confira, na próxima página, o que
pode ajudar a evitar equívocos na escolha do personal e também as queixas mais frequentes dos alunos.
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