São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2001
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alunos buscam treinador para toda atividade

Caratê, judô, natação ou boxe são praticados por atletas amadores sob o controle de personal trainers especializados

Marcelo Barabani/Folha Imagem
A historiadora Carla Ferraresi tem aulas com um personal especializado em gestantes


KARINA KLINGER - DA REPORTAGEM LOCAL

O personal trainer não é mais o mesmo. Ele se especializa e agora passa a oferecer um cardápio de programas bastante variado, que vai muito além do trabalho de orientar malhadores na sala da musculação ou em domicílio. Atualmente, há personal trainer para as mais diferentes atividades esportivas -de corrida, natação e dança a boxe e artes marciais- e para todo tipo de aluno.
A historiadora Carla Ferraresi, 29, por exemplo, é um desses alunos especiais. Ela sempre fez ginástica. Quando engravidou, não sossegou até encontrar um personal em quem pudesse ter confiança, no caso um especialista em malhação para gestantes. "Estou me sentindo mais segura, alternando aulas de hidroginástica, musculação e alongamento com uma pessoa especializada. Não sabia antes que existia esse tipo de serviço", diz Carla, grávida de seis meses. Idosos, adolescentes e portadores de deficiências são alunos que podem dispor do professor especializado. Não se ampliou apenas a atuação do personal mas também o grau de exigência dos alunos, que buscam cada vez mais o serviço personalizado a fim de alcançar eficiência e rapidez nos resultados. Há quem chegue a contratar dois treinadores. É o caso da administradora de empresas Sandra Battistella, 29, que se divide entre um professor particular de musculação e outro que ministra aulas individuais de natação. "Certamente meu rendimento não seria o mesmo sem a ajuda de um treinador", diz ela. Sua principal meta é o aprimoramento -tanto do condicionamento quanto das formas físicas. "E acho que valeu a pena. Meu corpo mudou muito durante este ano de malhação com a supervisão direta de dois profissionais. Eles me ajudaram a chegar até a meta almejada", diz Battistella. Já a meta do engenheiro Rafael Rodrigues, 32, quando resolveu optar por aulas particulares, era ganhar tempo no aprendizado de boxe. "Com uma meta definida e acompanhada de pertinho pelo personal, meu desempenhou melhorou muito. Com a ajuda do treinador, parece mais fácil alcançar os objetivos. O trabalho deixa de ser individual e ganha a força da dupla", diz.

Personal tem estúdio
Começa a chegar no Brasil uma novidade importada dos Estados Unidos sob medida para estes tempos de valorização do exercício físico praticado sob as barbas do personal. São os chamados estúdios, paraíso do atendimento individualizado. Alguns até oferecem aulas coletivas de ginástica, mas apenas para grupos pequenos de alunos, em que cada pupilo é monitorado por um ou até três professores.
Vantagens: reúne um número restrito de frequentadores com o mesmo interesse e com pouco tempo disponível, o que significa clima mais tranquilo, sem tititi, e não há -ou pelo menos não deve haver- fila para os aparelhos.
Em São Paulo, acaba de ser inaugurado um desses estúdios, provavelmente o primeiro da cidade. Instalado no bairro do Itaim, o Work Inn já é frequentado por 60 alunos, a maioria deles empresários, diz o professor e um dos sócios da escola Jorge André de Oliveira.
"Queria algo mais profissional e consegui. Agora, não preciso mais ficar na fila para usar os aparelhos", diz o financista Marcelo Schmidt, 34, que migrou para a Work Inn alegando cansaço do burburinho da academia.
No Rio de Janeiro, os cariocas dispõem do estúdio Personal Center, na Barra da Tijuca.
Para a proprietária e professora Daisy Pinheiro, essa nova onda é uma evolução natural do trabalho do personal e da mudança de interesse dos alunos. "O público pede um atendimento personalizado, mas também uma sociabilização. Com o tempo, as aulas individuais em casa ficam chatas e monótonas", diz.
Nas academias tradicionais, as aulas também podem ficar tediosas. O fato é que o aumento da procura pelo serviço personalizado faz surgir salas especiais, como a inaugurada este ano pela Fórmula para aulas particulares de jiu-jitsu, boxe, caratê, "muay thai" (luta tailandesa) e capoeira. Elas são procuradas, em geral, por quem fica constrangido na prática coletiva ou porque quer aprimorar a técnica, diz o professor Marcelo Calegari.
Além disso, algumas das grandes academias de São Paulo, como a Reebok Sports Club, a Fórmula e a Bio Ritmo, oferecem as chamadas salas vips, onde é dado o atendimento personalizado. E elas são um sucesso. A sala da Fórmula, por exemplo, é usufruída por 20% dos frequentadores da academia.
O personal trainer de Madonna, Sandra Bulock, Naomi Campbell, entre outras estrelas, está lançando no Brasil seu guia "Boa Forma em 90 Dias" (ed. Globo). Em entrevista à Folha, o inglês Matt Roberts não poupou otimismo na sua previsão: "No futuro, o serviço desse treinador será tão valorizado quanto os serviços prestados por um médico ou um dentista. Ter um personal não será mais um luxo, mas uma forma de busca de qualidade de vida".
Na Inglaterra, pode ser. No Brasil, vale o alerta do professor André Galvão, presidente da Associação Brasileira de Personal Trainer, para quem a especialização é algo inevitável e positivo na área do esporte. Com um porém: hoje, qualquer pessoa formada em educação física pode atuar como personal, e o ideal, segundo a associação, seria que cada um fizesse um curso de pós-graduação em uma atividade.
"Afinal, é impossível ter um profissional expert nas 80 modalidades oferecidas pelas academias", diz Galvão. Ou seja, o alerta é para que o aluno fuja de quem vende um cardápio sem fim de especializações.
Confira, na próxima página, o que pode ajudar a evitar equívocos na escolha do personal e também as queixas mais frequentes dos alunos.


Texto Anterior: Desligados, na verdade, ouvem mal
Próximo Texto: Personal eletrônico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.