IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há algo de novo nas salas de aula de ioga. Além dos tradicionais incensos e colchonetes, acessórios como cadeiras, cintos e blocos de madeira estão sendo usados para a prática, tornando as posturas mais acessíveis aos iniciantes e prevenindo lesões que podem ocorrer até em alunos avançados.
Chamada ayenga ioga, a prática com acessórios foi desenvolvida pelo guru (mestre) B.S.K. Ayengar, hoje com mais de 80 anos. Ainda menino, esse mestre já queria ser um grande iogue, mas tinha dificuldade em acompanhar as aulas por ser asmático. Começou então a treinar utilizando pedaços de tronco e cordas, que serviam como apoio para as posições mais difíceis, até adquirir a segurança e a elasticidade para realizá-las com perfeição.
Na Índia, a ayenga ioga é recomendada por médicos como coadjuvante no tratamento de problemas respiratórios e de coluna, segundo Katherine Lobos, professora de ioga da Fórmula Academia. Por isso, é utilizada em "medical classes" (aulas medicinais) assistidas por especialistas em medicina ayurvédica. No Ocidente, as aulas ganharam um caráter mais dinâmico e não se propõem a curar doenças, mas a corrigir vícios de postura -adquiridos no dia-a-dia, na prática de outras modalidades e nas próprias aulas de ioga.
"Em geral, as pessoas começam a fazer ioga com a mesma expectativa que têm em relação a outros exercícios: querem resultados rápidos. Por isso, se "jogam" em posições que, muitas vezes, exigem anos de treino, e aí surgem as lesões", acredita Lobos. Os acessórios funcionam, então, não só como um apoio mas também como um limite de até onde o aluno pode forçar o corpo. "É claro que o professor orienta o aluno a não ultrapassar seus limites. Mas hoje as pessoas não sabem mais quais são os limites de coisa nenhuma, incluindo seu próprio corpo. Se eu coloco um bloco de madeira para marcar até onde vai a extensão, ele não pode ir além, mesmo que queira."
Outra vantagem dos acessórios é facilitar a vida dos novatos. No início da prática, a falta de flexibilidade e força muscular impede a realização de várias posturas. Com o apoio do acessório, segundo Lobo, o iniciante pode realizar todas as posições propostas na aula.

EXTENSÃO LATERAL
De pé, com as pernas afastadas, flexione a cintura para o lado direito até alcançar o bloco de madeira com a mão; o quadril fica encaixado e o braço eleva-se seguindo a linha do tronco. Repita para o outro lado

EQUILÍBRIO COM TORÇÃO
Segure o bambu com a mão direita; segure o joelho direito flexionado com a mão esquerda; torça o tronco, a partir da altura do umbigo. Repita para o outro lado

PREPARAÇÃO PARA PONTE
Deitado de costas, apóie um pé e depois o outro na cadeira; segure os pés da cadeira com as mãos e eleve o quadril e o tronco, até ficar apoiado apenas nos ombros e na cabeça. Repita cinco vezes

EXTENSÃO DE PERNAS E TRONCO
Com as pernas estendidas, posicione o cinto nas solas dos pés; incline o tronco para frente, a partir da articulação do quadril, sem arredondar as costas