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Até que enfim, pintou uma tinta sem amônia
DANAE STEPHAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Coceira e aquele cheiro
forte das tinturas para cabelos podem estar com os dias
contados. A francesa L'Oréal
acaba de lançar no Brasil
uma linha de tinturas permanentes livre de amônia.
Chamada de Inoa (Innovation No Amonia, inovação
sem amônia), é considerada
pela empresa tão impactante
quanto a chegada do iPod.
Exageros à parte, o produto traz uma inovação importante. A amônia, substância
que abre a fibra do cabelo para a entrada do corante, está
entre os principais causadores de alergia em cosméticos.
Na fórmula nova, o que
substitui a amônia é um mix
de óleos minerais e monoetanolamina, substância já usada em tonalisantes, mas em
menor concentração.
"A amônia incha a cutícula para o corante penetrar, isso danifica o fio. Já o óleo gel
só desequilibra o pH e abre
levemente a cutícula. O cabelo não perde tanto lipídeo, a
cutícula é preservada", diz
Carolina Jardim, gerente de
educação da L'Oréal.
"Como a monoetanolamina não é irritante, pessoas
que apresentam bolhas, coceira e vermelhidão do couro
cabeludo com o uso das tinturas clássicas têm demonstrado pouca ou nenhuma irritação com Inoa", diz a gerente da marca.
Outro ponto importante é
que, como a amônia é volátil,
ela também é perigosa para
os cabeleireiros. "Ela é altamente irritante para a parte
respiratória, e no caso deles,
pode causar uma doença
ocupacional", diz a alergista
Ana Paula Moschione Castro, presidente da Associação
Brasileira de Alergia e Imunopatologia, regional SP.
Não que a nova química
seja 100% segura. "Pode diminuir muito o efeito irritativo na pele, mas também pode causar reações."
Já o presidente da Wella
Professional, Gonzalo Turueño, questiona tanto a eficácia
da nova tintura quanto a "demonização" da amônia. "Diferentemente da amônia, as
substâncias que não evaporam e não têm cheiro podem
provocar outros problemas,
porque ficam no couro cabeludo e são absorvidas", diz.
Além disso, o resultado final seria a principal barreira
para o banimento do ativo.
Segundo a Wella, que é a
principal concorrente da L'Oréal, as colorações sem amônia têm não alcançam determinadas nuances, e a cobertura também fica aquém.
Nem a condição de novidade é aceita pela concorrência: "Já existem tinturas permanentes sem amônia nos
EUA e na Inglaterra, mas nenhuma com um resultado satisfatório", diz Turueño.
A L'Oréal se defende com
números: mesmo sendo cerca de 10% mais cara do que
as outras colorações, a versão sem amônia teve um
crescimento de 11,5% das
vendas no mundo, no primeiro semestre deste ano.
Mais: a tintura "limpa" da
marca alcançou 90% de aceitação nos 35 países em que já
está sendo vendida.
APELO SENSORIAL
Ao se livrar da amônia, a linha Inoa também se livra dos
perfumes usados em tinturas
para disfarçar o cheiro original. A sessão fica mais agradável e há um componente
irritante a menos na fórmula.
"Até hoje, o processo de
coloração nunca foi relaxante", diz David Ross, diretor de
marketing da divisão profissional. "Agora, sem cheiro ou
ardência, esse processo vira
um tratamento de beleza. E
com os mesmos benefícios
de uma coloração normal."
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