São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Até que enfim, pintou uma tinta sem amônia

DANAE STEPHAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Coceira e aquele cheiro forte das tinturas para cabelos podem estar com os dias contados. A francesa L'Oréal acaba de lançar no Brasil uma linha de tinturas permanentes livre de amônia.
Chamada de Inoa (Innovation No Amonia, inovação sem amônia), é considerada pela empresa tão impactante quanto a chegada do iPod.
Exageros à parte, o produto traz uma inovação importante. A amônia, substância que abre a fibra do cabelo para a entrada do corante, está entre os principais causadores de alergia em cosméticos.
Na fórmula nova, o que substitui a amônia é um mix de óleos minerais e monoetanolamina, substância já usada em tonalisantes, mas em menor concentração.
"A amônia incha a cutícula para o corante penetrar, isso danifica o fio. Já o óleo gel só desequilibra o pH e abre levemente a cutícula. O cabelo não perde tanto lipídeo, a cutícula é preservada", diz Carolina Jardim, gerente de educação da L'Oréal.
"Como a monoetanolamina não é irritante, pessoas que apresentam bolhas, coceira e vermelhidão do couro cabeludo com o uso das tinturas clássicas têm demonstrado pouca ou nenhuma irritação com Inoa", diz a gerente da marca.
Outro ponto importante é que, como a amônia é volátil, ela também é perigosa para os cabeleireiros. "Ela é altamente irritante para a parte respiratória, e no caso deles, pode causar uma doença ocupacional", diz a alergista Ana Paula Moschione Castro, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, regional SP.
Não que a nova química seja 100% segura. "Pode diminuir muito o efeito irritativo na pele, mas também pode causar reações."
Já o presidente da Wella Professional, Gonzalo Turueño, questiona tanto a eficácia da nova tintura quanto a "demonização" da amônia. "Diferentemente da amônia, as substâncias que não evaporam e não têm cheiro podem provocar outros problemas, porque ficam no couro cabeludo e são absorvidas", diz.
Além disso, o resultado final seria a principal barreira para o banimento do ativo. Segundo a Wella, que é a principal concorrente da L'Oréal, as colorações sem amônia têm não alcançam determinadas nuances, e a cobertura também fica aquém.
Nem a condição de novidade é aceita pela concorrência: "Já existem tinturas permanentes sem amônia nos EUA e na Inglaterra, mas nenhuma com um resultado satisfatório", diz Turueño.
A L'Oréal se defende com números: mesmo sendo cerca de 10% mais cara do que as outras colorações, a versão sem amônia teve um crescimento de 11,5% das vendas no mundo, no primeiro semestre deste ano. Mais: a tintura "limpa" da marca alcançou 90% de aceitação nos 35 países em que já está sendo vendida.

APELO SENSORIAL
Ao se livrar da amônia, a linha Inoa também se livra dos perfumes usados em tinturas para disfarçar o cheiro original. A sessão fica mais agradável e há um componente irritante a menos na fórmula.
"Até hoje, o processo de coloração nunca foi relaxante", diz David Ross, diretor de marketing da divisão profissional. "Agora, sem cheiro ou ardência, esse processo vira um tratamento de beleza. E com os mesmos benefícios de uma coloração normal."


Texto Anterior: Armas químicas ocultas na sua nécessaire
Próximo Texto: Empório: Nutrição, receitas, escolhas saudáveis
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.