São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2001
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Veranópolis é a recordista no Brasil

O primeiro lugar do Brasil em longevidade não fica à beira-mar nem tem calor o ano inteiro. Veranópolis, no Rio Grande do Sul, foi considerada pela Organização Mundial de Saúde a cidade brasileira campeão de longevidade e ainda arrebatou o terceiro lugar no ranking mundial dos locais onde as pessoas vivem mais.
O município fica a 680 m acima do nível do mar e foi fundado por imigrantes italianos.
A temperatura média é de 22C, mas no inverno chega até a nevar.
Dos 19.412 habitantes, segundo os dados preliminares do Censo 2000, 1.200 têm acima de 60 anos de idade. Mas os dados considerados pela OMS referem-se à expectativa de vida e à porcentagem de pessoas que chegam aos 80 anos.
A expectativa média de vida no Brasil é de 68 anos. Em Veranópolis, chega a 72,1 para homens e 83,8 para as mulheres.
Quanto à possibilidade de chegar à 4ª idade (ou aos 80 anos), no Brasil ela só existe para 2% da população. Porém na pequena cidade da serra gaúcha o número salta para 8%.
A cidade de Veranópolis está sendo objeto de pesquisa do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC do Rio Grande do Sul desde 1994.
A equipe, coordenada pelo médico Emílio Moriguchi, ainda não tem uma conclusão definitiva.
Mas uma coisa é certa. O lugar tem tudo o que os especialistas recomendam para quem quer atingir a longevidade: qualidade de vida, convivência familiar e social, mesa farta e de boa qualidade, condições para a prática de atividade física (muito trabalho no campo e deslocamento a pé), alegria de viver, muitas doses do polêmico vinho tinto fabricado ali mesmo.
Um ingrediente talvez não tenha sido levado em consideração, mas deve contar e muito: a ausência de patrões, já que a vida econômica baseia-se em minifúndios, onde todos trabalham, e ninguém passa necessidade.

Campeã paulista
Em São Paulo, a cidade praiana de Santos (litoral sul) é a que mais concentra idosos em todo o Estado: 14% dos moradores têm mais de 60 anos de idade.
Eles contabilizam 59.589 pessoas para uma população total de 412.243. Entre os atrativos estão a orla de 7 km com calçadão e jardim, ruas planas e uma política de atenção ao idoso que, segundo o Ministério da Previdência, serve de exemplo ao restante do país.
Só os programas da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania atingem mais de 8.000 idosos.
A cidade possui quatro repúblicas para idosos e centros de convivência que oferecem de oficinas de artes plásticas, dança e de teatro a ginástica adaptada, viagens e bailes ao ar livre na praia.
Os programas são voltados, prioritariamente, para os idosos de baixa renda -27,9% das famílias são chefiadas por homens com mais de 60 anos.
Destaque ainda para o programa Vovô Sabe Tudo, da prefeitura, no qual os idosos com renda de até três salários mínimos são pagos para transmitir conhecimentos a crianças e adolescentes carentes. "Além da remuneração, eles têm a oportunidade de conviver com outras gerações", diz a assessora da secretaria. Pedreiros, marceneiros, artesãos, entre outros profissionais podem participar.


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