São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2001
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Baterias usadas são recicladas no exterior

Consumidor deve encaminhar material usado ao fabricante, que é obrigado a reciclar ou descartar em aterros sanitários

DA REDAÇÃO

Elas parecem inofensivas, mas poluem lençóis freáticos e comprometem a saúde do homem se não forem descartadas adequadamente. Por trás do invólucro de pilhas e baterias de carro e celular, escondem-se metais pesados como cádmio, mercúrio e chumbo, todos altamente poluentes. Para evitar a contaminação, em junho de 99, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) fixou regras de descarte para todo tipo de pilha e bateria.
As pilhas comuns (usadas em rádios, despertadores e outros aparelhos eletrônicos) podem ir para a lixeira com o resto dos detritos domésticos. Isso porque, desde o início deste ano, todas as pilhas comercializadas no Brasil passaram a ser fabricadas sem mercúrio, cádmio nem chumbo (a maioria) ou com quantidade desses metais abaixo do limite máximo permitido pelo Conama.
A dúvida pode ocorrer no caso de pilhas antigas, por exemplo. A recomendação então é verificar na embalagem se elas contêm menos de 0,01% de mercúrio, 0,015% de cádmio e 0,2% de chumbo. Se contiverem metais acima dessas concentrações, o consumidor deve entrar em contato com o Conama.
Já entre as baterias de celular, a maioria contém cádmio e, por isso, não deve ser misturada ao lixo comum.
A resolução do Conama obriga os fabricantes a recolherem as baterias para reciclá-las ou descartá-las de acordo com as normas de segurança para metais pesados (são protegidas por cimento e enterradas em aterros sanitários próprios para esse fim). Chumbo, cádmio e mercúrio podem provocar doenças neurológicas e problemas motores no homem.
Desde o fim do ano passado, os principais fabricantes de celular do país espalharam urnas por lojas e postos de assistência técnica para recolher as baterias usadas. Para descobrir o endereço dos locais de coleta, o consumidor deve telefonar para as centrais de atendimento ao cliente (leia texto ao lado).
Algumas operadoras, como a BCP e a Telesp Celular, também estão recebendo baterias velhas de qualquer marca em suas lojas para, em seguida, encaminhá-las ao fabricante. Desde junho de 2000, quando implantou o programa, a BCP já recebeu 15 mil baterias em suas 17 lojas.
Como existem poucas empresas de reciclagem no Brasil, boa parte do material coletado é cimentado e enterrado em aterros sanitários especiais ou enviado para fábricas de reciclagem no exterior.
Em novembro passado, a Motorola do Brasil enviou 10,5 toneladas de baterias velhas para uma empresa de reciclagem francesa. A Nokia está armazenando os produtos em local isolado para, depois, enviá-los a uma fábrica de reciclagem em Singapura. Lá, o cádmio, o aço e o níquel serão reaproveitados em pisos cerâmicos ou corantes de tinta. Já o plástico e os circuitos internos da bateria serão incinerados para geração de energia elétrica.
A Gradiente também está esperando encher um contêiner com baterias velhas para enviá-las ao exterior, provavelmente para uma fábrica de reciclagem japonesa.
Já a Ericsson envia as baterias recolhidas nos 120 postos de serviço espalhados pelo país para sua fábrica em São José dos Campos (SP). Lá, a pilha propriamente dita é separada do invólucro de plástico e metal. As pilhas são cimentadas e enterradas em aterro sanitário na cidade, de acordo com as regras fixadas para o descarte de material tóxico.
Segundo Aldo Moino, gerente de marketing da Ericsson, nos dois anos de coleta já foram recolhidas 18 toneladas (cerca de 20 mil baterias). "Optamos por descartar as baterias porque não conhecemos empresas que as reciclem no Brasil."


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