São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007
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Alimentação

Comer & beber

Veja os mitos e as verdades que rodeiam o hábito de beber durante as refeições; moderação é palavra-chave alimentação

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Q ualquer praça de alimentação serve como prova: beber durante as refeições é um hábito muito comum. Assim como é comum encontrar quem avise que beber e comer ao mesmo tempo aumenta a barriga, piora a digestão ou dilata o estômago. Advertências que, segundo especialistas, não passam de mitos.
O problema, afirma Osmar Monte, presidente da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), não é beber durante as refeições, e sim o tipo da bebida ingerida -sucos e refrigerantes são ricos em calorias e levam ao aumento de peso. É o açúcar presente nessas bebidas que pode provocar o aumento da gordura visceral (e da barriga).
"Muita gente acha que suco não engorda, mas isso também é um mito. Ele tem um valor nutricional melhor que o do refrigerante, mas ambos são calóricos", afirma Monte. A única exceção, diz, é o suco de limão -puro ou com adoçante.
Já beber água durante o almoço, por exemplo, não engorda nem deixa o estômago dilatado. "O estômago é um órgão elástico e não corre esse risco", explica Kênia Mara Baiocchi, professora do departamento de nutrição da UnB (Universidade de Brasília).
Mas tudo depende de bom senso, ressalta Baiocchi. O ideal é que quem tem esse hábito beba, em média, 200 ml durante cada refeição (o equivalente a um copo).
A recomendação é especialmente importante para crianças, diz Baiocchi. "O problema ocorre quando elas substituem a comida pela bebida, que é mais fácil de engolir. Temos que estimular a mastigação das crianças; por isso, não dá para elas darem um gole a cada colherada. Assim, elas ficarão saciadas mais rapidamente e não comerão tudo o que deveriam."
Adultos também devem estar atentos para que a ingestão de bebidas não os leve a engolir a comida sem mastigar bem.
Quem tem refluxo gastroesofágico precisa ser ainda mais cuidadoso. De acordo com Antonio Frederico Magalhães, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, a ingestão de líquidos ocupa espaço no estômago e, associada à comida, aumenta o volume do órgão. "Se esse volume aumentar muito, a chance de o refluxo ocorrer é maior", afirma.
O quadro está relacionado a um defeito no esfíncter inferior do esôfago, que permite que o suco gástrico "suba" e atinja a garganta, irritando a região.
Magalhães ressalta, porém, que o hábito apenas piora a situação de quem já sofre de refluxo, mas não é capaz de danificar o esfíncter e gerar o problema. "O refluxo é uma tendência pessoal, e sua incidência está relacionada à obesidade."

Álcool
No caso de bebidas alcoólicas, beber de estômago vazio é ruim. Ao contrário da comida e das outras bebida, que são "quebradas" no estômago e absorvidas no intestino, o álcool é absorvido mais rapidamente, ainda dentro do estômago, o que pode também irritar a mucosa do órgão.
Quando o álcool acompanha uma refeição completa (não confundir com um prato de torresmo ou algo do tipo), sua absorção fica mais lenta, o que é melhor para a saúde.
Segundo Baiocchi, pequenas doses de álcool não interferem na digestão. Mas é preciso lembrar que o produto também é hipercalórico e pode engordar.
As bebidas destiladas são as menos indicadas, devido a suas "calorias vazias" -ou seja, não acompanhadas de nutrientes.
Já as fermentadas costumam ter nutrientes importantes -o vinho tinto, por exemplo, é bom para a saúde cardiovascular, segundo estudos avaliados numa revisão feita na escola de medicina de Yale. "Os benefícios, porém, não vêm do álcool, e sim da uva", afirma Baiocchi.
Para quem tem refluxo, o melhor é evitar álcool. Segundo Magalhães, o álcool aumenta a secreção de ácido produzido pelo estômago e diminui a pressão do esfíncter inferior do esôfago, facilitando o refluxo.


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