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Alimentação
Comer & beber
Veja os mitos e as verdades
que rodeiam o hábito de
beber durante as refeições;
moderação é palavra-chave
alimentação
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Q
ualquer praça de alimentação serve como prova: beber durante as refeições é
um hábito muito comum. Assim como é comum encontrar
quem avise que beber e comer
ao mesmo tempo aumenta a
barriga, piora a digestão ou dilata o estômago. Advertências
que, segundo especialistas, não
passam de mitos.
O problema, afirma Osmar
Monte, presidente da Sbem
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), não
é beber durante as
refeições, e sim o tipo da bebida ingerida -sucos e refrigerantes
são ricos em calorias e levam ao
aumento de peso. É o açúcar
presente nessas bebidas que
pode provocar o aumento da
gordura visceral (e da barriga).
"Muita gente acha que suco
não engorda, mas isso também
é um mito. Ele tem um valor
nutricional melhor que o do refrigerante, mas ambos são calóricos", afirma Monte. A única
exceção, diz, é o suco de limão
-puro ou com adoçante.
Já beber água durante o almoço, por exemplo, não engorda nem deixa o estômago dilatado. "O estômago é um órgão
elástico e não corre esse risco",
explica Kênia Mara Baiocchi,
professora do departamento de
nutrição da UnB (Universidade
de Brasília).
Mas tudo
depende de bom senso, ressalta
Baiocchi. O ideal é que quem
tem esse hábito beba, em média, 200 ml durante cada refeição (o equivalente a um copo).
A recomendação é especialmente importante para crianças, diz Baiocchi. "O problema
ocorre quando elas substituem
a comida pela bebida, que é
mais fácil de engolir. Temos
que estimular a mastigação das
crianças; por isso, não dá para
elas darem um gole a cada colherada. Assim, elas ficarão saciadas mais rapidamente e não
comerão tudo o que deveriam."
Adultos também devem estar atentos para que a ingestão
de bebidas não os leve a engolir
a comida sem mastigar bem.
Quem tem refluxo gastroesofágico precisa ser ainda mais
cuidadoso. De acordo com Antonio Frederico Magalhães,
presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, a ingestão
de líquidos ocupa espaço no estômago e, associada à comida,
aumenta o volume do órgão.
"Se esse volume aumentar
muito, a chance de o refluxo
ocorrer é maior", afirma.
O quadro está relacionado a
um defeito no esfíncter inferior
do esôfago, que permite que o
suco gástrico "suba" e atinja a
garganta, irritando a região.
Magalhães ressalta, porém,
que o hábito apenas piora a situação de quem já sofre de refluxo, mas não é capaz de danificar o esfíncter e gerar o problema. "O refluxo é uma tendência pessoal, e sua incidência
está relacionada à obesidade."
Álcool
No caso de bebidas alcoólicas, beber de estômago vazio é
ruim. Ao contrário da comida e
das outras bebida, que são
"quebradas" no estômago e absorvidas no intestino, o álcool é
absorvido mais rapidamente,
ainda dentro do estômago, o
que pode também irritar a mucosa do órgão.
Quando o álcool acompanha
uma refeição completa (não
confundir com um prato de torresmo ou algo do tipo), sua absorção fica mais lenta, o que é
melhor para a saúde.
Segundo Baiocchi, pequenas
doses de álcool não interferem
na digestão. Mas é preciso lembrar que o produto também é
hipercalórico e pode engordar.
As bebidas destiladas são as
menos indicadas, devido a suas
"calorias vazias" -ou seja, não
acompanhadas de nutrientes.
Já as fermentadas costumam
ter nutrientes importantes -o
vinho tinto, por exemplo, é
bom para a saúde cardiovascular, segundo estudos avaliados
numa revisão feita na escola de
medicina de Yale. "Os benefícios, porém, não vêm do álcool,
e sim da uva", afirma Baiocchi.
Para quem tem refluxo, o
melhor é evitar álcool. Segundo
Magalhães, o álcool aumenta a
secreção de ácido produzido
pelo estômago e diminui a
pressão do esfíncter inferior do
esôfago, facilitando o refluxo.
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