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Pacientes com câncer e HIV são massageados
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela chegou aos poucos. Começou massageando os funcionários, ganhou a confiança da diretoria e dos médicos
e, com o tempo, conseguiu
que a deixassem tocar nos
pacientes. Hoje, a massoterapeuta Rosana Ades comanda uma equipe de voluntários no "Mãos que Cuidam", que atende pacientes
com doenças como AIDS e
tuberculose, todos do Instituto Emílio Ribas, especializado em infectologia.
"A massagem não faz parte
do contexto hospitalar, e
muita gente fica desconfiada.
Só fui aceita ao provar que
não ia prejudicar", conta.
Entre os benefícios, ela diz
que o paciente se sente acolhido, fica mais calmo, tem
menos dor, dorme melhor e
fica até mais receptivo para
os tratamentos tradicionais
-chegando a tomar menos
remédios ou a ter alta antes.
Ades toma uma série de
cuidados para não se contaminar e para não contaminar
um paciente que está com o
sistema imunológico fragilizado. Luvas e, em certos casos, máscaras são acessórios
obrigatórios. Ela conversa
com os médicos e verifica se
o paciente tem contra-indicações. Usa deslizamentos
muito suaves. Às vezes, precisa driblar uma infinidade
de catéteres e aparelhos conectados à pessoa.
"O ser humano tem necessidade do toque. Para pacientes com doenças que geram preconceito isso é ainda
mais importante", afirma a
infectologista Glória Brunetti, presidente do setor de voluntariado do Emílio Ribas.
Ela diz que pretende estudar cientificamente o efeito
da massagem sobre os pacientes. "Mas individualmente vemos que funciona."
Câncer
Em seu consultório, Rosana Ades também atende pacientes com câncer. Ela fez
um curso com a norte-americana Gayle McDonald, especialista em massagem para
pacientes oncológicos.
Para isso, precisa derrubar
tabus: muita gente acredita
que a massagem pode espalhar o tumor ou provocar
metástase. "Isso é um mito.
Essa contra-indicação não
tem comprovação", afirma a
fisioterapeuta Sílvia de Cesare Denari, do Hospital do
Câncer de São Paulo. Lá,
aplica-se a massagem para
aliviar conseqüências do
câncer, como linfoedemas.
Segundo Ades, seu único
cuidado com pacientes oncológicos é não massagear a
área do tumor. "Na massagem hospitalar, menos é
mais. O trabalho é suave."
Em uma paciente que estava com a pele muito machucada, ela usou um pincel.
Às vezes, a pessoa é massageada durante a quimioterapia. Ela também incentiva os
familiares a perder o medo
de tocar no paciente. E alerta: "A massagem não substitui a medicina, a fisioterapia
ou a enfermagem. É um
complemento".
(FM)
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