São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007
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Pacientes com câncer e HIV são massageados

DA REPORTAGEM LOCAL

Ela chegou aos poucos. Começou massageando os funcionários, ganhou a confiança da diretoria e dos médicos e, com o tempo, conseguiu que a deixassem tocar nos pacientes. Hoje, a massoterapeuta Rosana Ades comanda uma equipe de voluntários no "Mãos que Cuidam", que atende pacientes com doenças como AIDS e tuberculose, todos do Instituto Emílio Ribas, especializado em infectologia.
"A massagem não faz parte do contexto hospitalar, e muita gente fica desconfiada. Só fui aceita ao provar que não ia prejudicar", conta.
Entre os benefícios, ela diz que o paciente se sente acolhido, fica mais calmo, tem menos dor, dorme melhor e fica até mais receptivo para os tratamentos tradicionais -chegando a tomar menos remédios ou a ter alta antes.
Ades toma uma série de cuidados para não se contaminar e para não contaminar um paciente que está com o sistema imunológico fragilizado. Luvas e, em certos casos, máscaras são acessórios obrigatórios. Ela conversa com os médicos e verifica se o paciente tem contra-indicações. Usa deslizamentos muito suaves. Às vezes, precisa driblar uma infinidade de catéteres e aparelhos conectados à pessoa.
"O ser humano tem necessidade do toque. Para pacientes com doenças que geram preconceito isso é ainda mais importante", afirma a infectologista Glória Brunetti, presidente do setor de voluntariado do Emílio Ribas.
Ela diz que pretende estudar cientificamente o efeito da massagem sobre os pacientes. "Mas individualmente vemos que funciona."

Câncer
Em seu consultório, Rosana Ades também atende pacientes com câncer. Ela fez um curso com a norte-americana Gayle McDonald, especialista em massagem para pacientes oncológicos.
Para isso, precisa derrubar tabus: muita gente acredita que a massagem pode espalhar o tumor ou provocar metástase. "Isso é um mito. Essa contra-indicação não tem comprovação", afirma a fisioterapeuta Sílvia de Cesare Denari, do Hospital do Câncer de São Paulo. Lá, aplica-se a massagem para aliviar conseqüências do câncer, como linfoedemas.
Segundo Ades, seu único cuidado com pacientes oncológicos é não massagear a área do tumor. "Na massagem hospitalar, menos é mais. O trabalho é suave."
Em uma paciente que estava com a pele muito machucada, ela usou um pincel. Às vezes, a pessoa é massageada durante a quimioterapia. Ela também incentiva os familiares a perder o medo de tocar no paciente. E alerta: "A massagem não substitui a medicina, a fisioterapia ou a enfermagem. É um complemento". (FM)


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