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Ingrediente
Tilápia é versátil e rica em proteína
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A
pós algumas horas no
pesque-pague, a recompensa que deveria chegar à mesa parece castigo: a tilápia, peixe dos
mais populares nesses locais
onde se come o que se pesca,
vem com um indefectível gosto
de terra. "Esse peixe não come
ração, filtra organismos e algas
dos reservatórios e costuma ser
magro, de tamanho inadequado, com gosto de barro. Até por
isso a tilápia tem o nome queimado entre os consumidores",
acredita Tito Lívio Capobianco
Júnior, membro da AB-Tilápia
(Associação Brasileira da Indústria de Processamento de
Tilápia) e sócio da GeneSeas
Aquacultura, empresa que cria
e processa o pescado.
Segundo ele, a tilápia apropriada para consumo é aquela
criada em cativeiro, onde recebe ração, é abatida com peso
em torno de 800 gramas -que
rende dois filés de cerca de 120
gramas- e cortada de forma a
eliminar todos os espinhos.
Com carne branca e de sabor
suave, que pode ser utilizada
para assar, grelhar ou cozinhar,
trata-se do peixe cujo consumo
mais cresce no mundo, principalmente nos Estados Unidos.
No ano 2000, o país importou o
equivalente a US$ 51 milhões
de tilápia fresca; em 2005, foram US$ 162 milhões.
Para Yanic Bertini Anieri, gerente de exportação e marketing da Mar & Terra, empresa
sediada em Mato Grosso do Sul
que cria e comercializa cortes
do peixe, a rusticidade é outro
fator que contribui para sua
disseminação, já que barateia
os custos de produção. "E ainda
tem o baixo teor de gordura, a
presença de ômega 6 -um ácido graxo importante- e um
bom valor protéico."
De origem africana, as primeiras espécies de tilápia foram introduzidas no Brasil no
início da década de 1950, época
em que a piscicultura de subsistência retardou o avanço da
produção. A partir do final dos
anos 1960, o quadro começou a
mudar com a introdução da tilápia nilótica, mais fácil de
criar. A AB-Tilápia estima que
em 2005 a produção nacional
tenha sido de 130 mil toneladas, com destaque para os Estados do Ceará, Bahia, São Paulo
e Paraná.
Em supermercados e restaurantes, é mais fácil encontrar o
peixe com o nome de "saint peter" ou "saint pierre". "Este nome é padrão exportação, usado
para diferenciar da tilápia pescada em açude, para a qual muitos torcem o nariz", afirma Capobianco.
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