São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
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Ingrediente

Tilápia é versátil e rica em proteína

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A pós algumas horas no pesque-pague, a recompensa que deveria chegar à mesa parece castigo: a tilápia, peixe dos mais populares nesses locais onde se come o que se pesca, vem com um indefectível gosto de terra. "Esse peixe não come ração, filtra organismos e algas dos reservatórios e costuma ser magro, de tamanho inadequado, com gosto de barro. Até por isso a tilápia tem o nome queimado entre os consumidores", acredita Tito Lívio Capobianco Júnior, membro da AB-Tilápia (Associação Brasileira da Indústria de Processamento de Tilápia) e sócio da GeneSeas Aquacultura, empresa que cria e processa o pescado.
Segundo ele, a tilápia apropriada para consumo é aquela criada em cativeiro, onde recebe ração, é abatida com peso em torno de 800 gramas -que rende dois filés de cerca de 120 gramas- e cortada de forma a eliminar todos os espinhos.
Com carne branca e de sabor suave, que pode ser utilizada para assar, grelhar ou cozinhar, trata-se do peixe cujo consumo mais cresce no mundo, principalmente nos Estados Unidos. No ano 2000, o país importou o equivalente a US$ 51 milhões de tilápia fresca; em 2005, foram US$ 162 milhões.
Para Yanic Bertini Anieri, gerente de exportação e marketing da Mar & Terra, empresa sediada em Mato Grosso do Sul que cria e comercializa cortes do peixe, a rusticidade é outro fator que contribui para sua disseminação, já que barateia os custos de produção. "E ainda tem o baixo teor de gordura, a presença de ômega 6 -um ácido graxo importante- e um bom valor protéico."
De origem africana, as primeiras espécies de tilápia foram introduzidas no Brasil no início da década de 1950, época em que a piscicultura de subsistência retardou o avanço da produção. A partir do final dos anos 1960, o quadro começou a mudar com a introdução da tilápia nilótica, mais fácil de criar. A AB-Tilápia estima que em 2005 a produção nacional tenha sido de 130 mil toneladas, com destaque para os Estados do Ceará, Bahia, São Paulo e Paraná.
Em supermercados e restaurantes, é mais fácil encontrar o peixe com o nome de "saint peter" ou "saint pierre". "Este nome é padrão exportação, usado para diferenciar da tilápia pescada em açude, para a qual muitos torcem o nariz", afirma Capobianco.


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