São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005
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Hora do descanso

Cabeça fria na hora de dormir. A recomendação serve em todos os sentidos da frase: preocupações e ansiedades não devem ser levadas para cama; e um sorvete pode refrigerar o cérebro, ajudando a estimular o sono. Quem defende essa idéia é o neurologista Ademir Batista, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo.
"O cérebro precisa perder calor para o resto do corpo para iniciar o sono. Além disso, o sorvete tem leite, que é rico em um aminoácido chamado triptofano, de onde vem a serotonina. Com a falta de luz, enzimas transformam a serotonina em melatonina, substância que interfere na regulação do sono", diz. De acordo com o médico, 43% dos adultos em grandes metrópoles sofrem de privação do sono -ou seja, dormem menos do que precisam por dia e criam um déficit de sono.
Para o neurologista Flávio Alóe, do Centro do Sono do Hospital das Clínicas, em São Paulo, dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico. "Durante o sono, ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo", afirma.
Estudos provam que quem dorme menos do que o necessário tem menos vigor físico, envelhece mais precocemente e está mais propenso a infecções, obesidade, hipertensão e diabetes.
Alóe cita uma pesquisa realizada pela Universidade Stanford, nos EUA, em que indivíduos que não dormiam há 19 horas foram submetidos a testes de atenção. Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g/l de álcool no sangue -quantidade equivalente a três doses de uísque. Durante o sono também são produzidos alguns hormônios vitais para o organismo, como o do crescimento, que ajuda a manter o tônus muscular, evita o acúmulo de gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose. A leptina, hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade, também é liberada durante o sono.
Já a falta de sono inibe a produção de insulina, hormônio que retira o açúcar do sangue, e eleva a quantidade de cortisol, o hormônio do estresse.

Função dos sonhos
De acordo com o neurologista Flávio Alóe, o sonho é uma manifestação do sono REM (a sigla significa movimento rápido dos olhos, em inglês). "É uma fase do sono em que o cérebro está ativo e o corpo fica paralisado para que a pessoa não saia fazendo o que está sonhando", explica.
Segundo ele, os sonhos são responsáveis por organizar e consolidar as informações na memória. "É como se ele tirasse as informações do dia-a-dia de um CD e as arrumasse no disco rígido da memória", diz.


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