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Escurinho é bom para se exercitar, fazer sexo e dormir
Mais da metade (54%) da população
adulta brasileira apresenta algum tipo de
distúrbio de sono, segundo pesquisa feita
pelo Datafolha e pelo laboratório Wyeth
em novembro último. Pois a redução da
iluminação das ruas, que eventualmente
entra pela janela do quarto, pode melhorar a qualidade do sono do cidadão.
Só na ausência de luz a melatonina
-hormônio que induz ao sono- é produzida. Qualquer luminosidade tem interferência na sua produção, explica Ademir Batista, chefe do Setor de Distúrbios
de Sono, da Unifesp.
E, para os brasileiros sedentários
-atributo de 70% da população, segundo pesquisa do Celafiscs (Centro de Estudo do Laboratório de Aptidão Física de
São Caetano do Sul)-, o que o racionamento de energia poderá trazer de útil?
A possibilidade de subir e descer as escadas na falta da energia ou para poupar
o que resta dela. É consenso entre os especialistas da área de saúde e do esporte
que subir e descer escada é um ótimo
exercício físico. É uma forma de prevenir
problemas cardiovasculares e de trabalhar a força e a resistência dos membros
inferiores, diz o fisiologista Claudio Pavanelli, da Unidade Diagnóstica Einstein.
Mas o fisiologista faz um alerta aos que
não têm bom condicionamento físico.
Deve-se iniciar na atividade gradativamente. "Comece com lances pequenos
de escada, só depois vá aumentando. Fazer uma avaliação médica antes é o ideal,
e o imprescindível é não exagerar, não ultrapassando o próprio limite", aconselha.
Mais sexo
Aproveite o lado romântico
do escurinho, dizem médicos, psicólogos
e outros especialistas. "O que acontece
hoje é que as relações são inconscientemente substituídas por outros afazeres.
Depois do jantar, é comum os casais disputarem o controle remoto e passarem a
noite "zapeando" pela TV", afirma o ginecologista Alfredo Romero, diretor do
Ibrasexo (Instituto Brasileiro para a Saúde Sexual).
Atualmente, o brasileiro tem de três a
cinco relações sexuais por semana. Com
um apagão, por exemplo, os especialistas
acreditam que o número vá aumentar.
"Será uma forma de colocar em pauta as
relações pessoais. Por um lado, a escuridão e as velas sempre aproximam as pessoas", diz Ailton Amélio da Silva, professor do Instituto de Psicologia da USP. Por
outro, diz o terapeuta Nelson Vitiello, algumas pessoas podem encarar a situação
da falta de eletricidade como um grande
transtorno, deixando o sexo de lado. Esse
tipo de atitude é comum em momentos
de estresse, mas os especialistas são otimistas: acreditam que isso pode ocorrer
apenas no início, depois os ânimos se
acalmarão.
A volta dos diálogos
A ausência de
energia elétrica ou a redução do seu consumo também pode servir para que as
pessoas explorem novos ambientes de lazer, principalmente ao ar livre, e para
aproximá-las. Para Mario Sergio Cortella, filósofo e colunista da Folha, as pessoas vão poder "redescobrir os diálogos".
"Até quem está sempre plugado poderá
rever os interesses", diz a psicóloga Rosa
Maria Farah. Acostumadas a se divertir
por meio da tecnologia, as crianças deverão sair ganhando. Nos Estados Unidos,
segundo pesquisa feita no ano passado
pela Universidade de Stanford, as crianças passam quase todo o dia na frente do
aparelho de TV: em média três horas diárias assistindo à programação, cinco horas vendo fitas de vídeo e três horas no videogame. Elas vão ter que descobrir novas formas de diversão.
"Será uma experiência de privação
nunca antes vivida por essa nova geração. Dificilmente, eles conseguem pensar
em uma situação estável sem a televisão",
diz a educadora Tânia Zagury.
(KK)
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