São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001
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coluna social

Peticov cria fuxico na Aldeia do Futuro

ELKA ANDRELLO E ADRIANA DA GLÓRIA - FREE LANCE PARA A FOLHA

O artista plástico Antonio Peticov, dono de um estilo definido por ele mesmo como "realismo mágico", em que coloca objetos do cotidiano nos cenários mais inesperados, desta vez arriscou um novo suporte para a sua arte. Doou uma gravura para ser transformada em um tapete de fuxico confeccionado pelas prendadas mulheres do projeto social Aldeia do Futuro.
   
A Aldeia do Futuro, há sete anos, educa e profissionaliza moradores das favelas de Americanópolis, na zona sul de São Paulo. E a oficina que mais pegou foi a de fuxico (artesanato feito com a costura de retalhos de tecido em forma de círculo) e amarradinho (tiras de tecido são amarradas em uma tela). Mais de cem mulheres da região completam o orçamento de casa fazendo tapetes, colchas, roupas, almofadas e o que a criatividade mandar com restos de tecidos coloridos.
   
Antonio Peticov encomendou às mulheres um rosto feito de fuxico a partir de um desenho dele realizado com a técnica de pontilhado, em que a imagem do rosto do sociólogo Betinho vai ser vista de longe. "O desenho será ampliado e coberto por fuxico preto-e-branco, funcionando como uma retícula", explica o artista.
   
"Adorei aqui. Vivo num circuito fechado da arte, acho muito saudável encontros como este. Estas pessoas não iriam para uma galeria", diz Peticov.
   
Muitas das mulheres não sabem ler e escrever. Com esse trabalho, elas podem trabalhar sem sair de casa, e os filhos não são obrigados a parar de estudar para ajudar a pagar as contas de casa. "Dá trabalho, mas é prazeroso. Não dá para ser a mesma pessoa depois de fazer uma coisa tão bonita. Enriquece a alma", diz Maria Melo, 39, que chegou ao projeto para trabalhar como faxineira e virou a rainha do pedaço.
   
"O trabalho tem que ser perfeito. Se não estiver à altura, tem que ser refeito. Hoje só trabalhamos sob encomenda e não damos conta de tantos pedidos. A oficina já se auto-sustenta", diz Dina Broid, artista plástica responsável pela oficina.
   
Decoradores e dondocas adoram um fuxico, vendido a R$ 150 o m2, em loja de museu (a do MAM) e em outras lojas bacanas da cidade.


Para doações de tecidos e encomendas: tel. 0/xx/ 11/5562-6860. Toda semana a "Coluna Social" leva uma personalidade para contribuir com um projeto social.


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