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"Yacon" ainda não merece a boa fama que possui
Raiz é vendida para melhorar diabetes, colesterol e pressão alta
MARIANA DEL GRANDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ela é comercializada como se fosse um tipo de batata, sua aparência lembra a do inhame e possui a textura e o gosto adocicado de uma pêra d'água. Em São Paulo, onde ganha espaço em
supermercados e sacolões, geralmente é acompanhada por cartazes que afirmam ser boa para diabetes, colesterol e pressão alta.
É a "yacon", uma raiz de origem andina.
Isso mesmo, raiz. O desconhecimento
técnico é provavelmente a causa do erro
na nomenclatura, diz Francisco Camara,
da Faculdade de Ciências Agronômicas
da Universidade Estadual de São Paulo
(Unesp), que pesquisa a raiz desde 1990.
"A batata é uma expansão do caule. A
"yacon" é a própria raiz da planta."
Da mesma família do girassol, as raízes
da Smallantus sonchifolius não são ricas
em amido como os tubérculos, entre os
quais a batata e a mandioca. Composta
por cerca de 80% de água, a "yacon" é
pouco calórica: 100 g equivalem a 54 kcal,
um pouco mais que a cenoura (47 kcal).
O que tem levado pesquisadores de vários países a estudar a "yacon" é o fato de
conter frutooligossacarídeo (FOS), um tipo de açúcar que o organismo é praticamente incapaz de absorver. Estudos com
outras plantas provaram que o FOS ajuda
a reduzir os níveis de colesterol.
Além disso, suspeita-se que o FOS possa também diminuir as taxas de açúcar
no sangue. "Muitas substâncias que baixam o colesterol também têm efeito antiglicêmico, ou seja, diminuem o nível de
glicose. Mas nenhum estudo comprovou
se essa relação é verdadeira", afirma a
pesquisadora Rita de Cássia Ribeiro, do
Instituto de Botânica (SP).
O biólogo Iván Manrique, do CIP (Centro Internacional da Batata, na sigla em
espanhol), no Peru, constatou que o consumo do chá das folhas de "yacon" reduziu o nível de glicose de ratos com diabetes. "Mas não conhecemos o princípio
ativo que provocou essa redução", diz.
Já que seu açúcar não é absorvido pelo
corpo e, portanto, não interfere nos níveis de glicose, a "yacon" está liberada
para os diabéticos. Mas, como não existe
comprovação científica de seus benefícios, os especialistas alertam: a raiz não
deve substituir o tratamento tradicional.
"Não há problema em consumir a "yacon" desde que a pessoa não use o alimento para substituir os medicamentos
nem abandone as instruções do médico",
diz o endocrinologista Antônio Roberto
Chacra, presidente de Associação Latino-americana de Diabetes.
Preparar a "yacon" não requer vastos
conhecimentos culinários: a raiz geralmente é consumida crua logo após ter sido descascada, pois escurece rápido. Por
ser suave e refrescante, a "yacon" combina bem com sucos de fruta e saladas.
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