São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000
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firme e forte

Coração de atleta "fala" pelo frequencímetro

MARGARETE MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Todo mundo que corre, anda de bicicleta ou pratica exercícios aeróbicos já teve de parar a atividade, esperar alguns segundos, pressionar os dedos na altura da artéria que passa pelo pulso ou pelo pescoço para descobrir com que frequência o coração está pulsando. O ritual, entretanto, está com os dias contados graças à chegada de novos "polares"-para quem não sabe, o aparelho informa ao atleta, sem que ele precise interromper o exercício, o número de batidas por minuto. Seu nome correto é frequencímetro, mas é chamado de Polar porque esse é o nome da marca pioneira no Brasil. Agora, chegam ao mercado novos modelos de pelo menos três marcas, todas importadas.
Dependendo do modelo, o frequencímetro pode revelar as calorias queimadas durante o exercício, quanto é preciso pedalar mais para atingir o condicionamento desejado ou ainda comparar o resultado dos últimos treinos e transferi-lo para o computador.
Apesar de tantos recursos, o mecanismo de funcionamento é simples: uma cinta, presa na altura do tórax, emite a frequência cardíaca para um monitor, que parece e, às vezes, funciona como relógio.
O conhecimento do batimento cardíaco é fundamental para melhorar o desempenho do esportista em qualquer atividade física -da esteira ou bicicleta ao tênis, remo e até natação- porque permite que os atletas entendam melhor o que se passa com o próprio corpo. "Com o frequencímetro posso determinar o volume e a intensidade do treinamento dos meus alunos até à distância", diz o personal trainer Paulo Shammo.
Para aproveitar melhor o potencial do aparelho, é preciso saber qual a frequência máxima de batimentos cardíacos da pessoa. Uma conta simples funciona como referência para a maioria das pessoas, embora não seja tão precisa quanto a de um teste ergoespirométrico, que estabelece exatamente a frequência máxima. Basta subtrair a idade do número 220. O resultado é o máximo de pulsações por minuto permitido durante a atividade. Quem tem 40 anos, por exemplo, não deve ultrapassar as 180 batidas por minuto.
Depois de conhecer a frequência máxima, o treinador estipula uma faixa em que o atleta deve manter seus batimentos durante a atividade física. Conhecida como zona-alvo, ela é calculada de acordo com o objetivo do atleta (perder peso, por exemplo). Numa prova de velocidade, a zona-alvo deve estar próxima à frequência cardíaca máxima. É o momento de suar a camisa. Com o monitor, o atleta também saberá a hora de puxar o freio para não correr o risco de sair da prova com cãibras ou exausto, como quase aconteceu com a maratonista suíça Gabrielle Andersen-Scheiss, que nas Olimpíadas de 84 cruzou a linha de chegada cambaleante.
"Saber a frequência cardíaca é a melhor forma de ensinar quem faz um exercício físico a respeitar os próprios limites, sem correr riscos", diz Rogério Neves,40, médico fisiologista do Clube Pão de Açúcar. O modelo mais sofisticado, além de armazenar a frequência cardíaca dos últimos treinos e fornecer o tempo de recuperação do atleta ao estado de repouso (quanto mais curto, melhor o condicionamento), permite o envio de dados para um computador. As informações são visualizadas em gráficos e ajudam na análise da evolução do atleta. "Quem participa de provas precisa de modelos com mais recursos", explica Neves.
Há várias opções existentes no mercado. As mais sofisticadas chegam a custar quase R$ 900. Na hora da escolha, é preciso ponderar. "Para quem inicia uma atividade física e, normalmente, quer perder gordura, é bom optar por modelos que indiquem as calorias gastas", diz Hélio Mori, representante da marca Polar.
Já maratonistas que participam de competição lado a lado com outros atletas devem optar por um transmissor codificado, que não sofra interferência dos dados de um corredor que estiver próximo.
Antes de comprar o frequencímetro, é bom conversar com o preparador físico para que ele oriente a troca ou a aquisição de um novo kit, de acordo com a necessidade da atividade física e dos objetivos do atleta. Se for trocar ou comprar um usado, alguns cuidados devem ser tomados: os modelos com transmissores vedados, por exemplo, não indicam se a bateria (2.500 horas) está ou não no fim.



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