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firme e forte
Professor ajuda obeso a encarar malhação
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Enfrentar uma rotina de atividade
física com afinco, seriedade e disciplina não é tarefa das mais fáceis para
a maioria dos mortais. Agora, se o cidadão em questão é obeso, o grau de dificuldade pode surgir na primeira flexão.
Mas existem profissionais especializados no condicionamento físico de
obesos que podem dar um "empurrãozão" nos alunos. São professores
de educação física (alguns trabalham
em academia) que sabem as dificuldades e as limitações de quem está
muito acima do peso e também conhecem as particularidades que a atividade física deve ter.
"Sem um acompanhamento específico e direcionado, os obesos abandonam rapidamente os exercícios; e o
primeiro grande desafio para essas
pessoas é manter-se na atividade",
diz Clóvis Pereira Júnior, personal
trainer com especialização em obesidade feita nos Estados Unidos.
O empresário José Carlos Diniz Fernandes, 40, chegou a pagar um semestre todo de academia e só frequentou três aulas. "Não tinha estímulo, os professores, ao verem que
eu não conseguia fazer as coisas, desanimavam", diz Fernandes, que chegou a pesar 125 kg. Com isso, ele também perdeu o interesse e abandonou
as atividades. "Só voltei porque encontrei orientação adequada e fazia
tudo dentro dos meus limites", conta
ele, hoje com 81 kg.
Respeitar o limite do praticante é
um dos pontos que o especialista tem
muito claro. "Em geral, a massa muscular dos obesos é diminuída por
causa do sedentarismo; e, como a
função da massa muscular é sustentar a massa óssea, qualquer movimento que ele faça fica mais difícil",
explica a professora de educação física Cláudia Cezar, coordenadora do
Neobe (Núcleo de Estudos de Obesidade e Exercícios Físicos), da USP.
Aula para obeso segue uma série de
especificidades. "Tudo tem de ser
adaptado: os abdominais, as flexões e
o levantamento de peso, por exemplo", diz Cezar.
A primeira grande adaptação, segundo Pereira Júnior, é que, de início,
não adianta nada trabalhar grupos
musculares específicos, como bíceps
e tríceps. "O obeso precisa de um alto
gasto calórico. O correto é trabalhar
grandes grupos musculares, de forma
genérica, pensando em dois aspectos:
emagrecimento e mobilidade", diz o
personal trainer.
Outro cuidado: levantar pesos livres (pesos soltos) em pé pode gerar
desconforto, pois o obeso tem dificuldade de equilíbrio. O ideal é levantar
pesos acoplados aos equipamentos.
Fazer exercícios deitado também é
um problema, por causa da dificuldade de respiração. Abdominais, por
exemplo, são feitos com o corpo inclinado. Outra preocupação: exercitar
grupos musculares que possam corrigir problemas de postura, como pé
chato, joelho voltado para dentro e
abdômen e ombros projetados para a
frente, explica Ana Dâmaso, nutricionista especializada em medicina do
esporte que trabalha no departamento de educação física da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade).
"Aos poucos, estou me acostumando a fazer exercícios e a modificar
meus hábitos alimentares", diz a secretária Rosângela Maria dos Santos,
50, que faz ginástica com um grupo
de obesos no Neobe. "A minha vida é
um eterno regime, e eu tenho conseguido me controlar", afirma Fernandes, que percebeu que exercício físico
e reeducação alimentar têm de caminhar juntos.
A empresária Malvina Oliveira, 48,
também aluna do Neobe, diz que, depois que começou a se exercitar, consegue pensar mais em si própria e está mais feliz. Segundo os especialistas, quando o obeso começa a se
acostumar às atividades, emagrece
com menos ansiedade e, por isso,
surgem os benefícios emocionais.
"As pessoas estão acostumadas a
dizer "tenho de perder peso", quando,
na verdade, elas precisam perder
gordura corporal e ganhar massa
muscular; perder peso significa perder as duas coisas, o que não é bom",
explica Cláudia Cezar.
"No início, é fácil desistir, mas, se
há alguém que o incentive e oriente,
você vai em frente; hoje tenho autoconfiança", diz o assessor financeiro
Marcelo Sucar, 25, que pesava 155 kg
e hoje está com 110 kg.
Junto com os quilos extras, o condicionamento físico é capaz de amenizar problemas de saúde que o obeso tenha ou possa vir a ter, como
pressão alta e diabetes.
(PV)
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