São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006
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medicina Médicos divergem sobre eficácia do coma induzido em pacientes com lesão cerebral Tempo para o cérebro
NICHOLAS BAKALAR
O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, Randal McCloy Jr., mineiro da Virgínia
Ocidental, e Rubén Contreras, boxeador mexicano, receberam o mesmo tratamento
depois de uma lesão cerebral: todos foram colocados em estado de coma induzido.
Outro método de tratamento usado em casos desse tipo é o da hipotermia (resfriar o corpo até a marca dos 32 oC), em um esforço para retardar o metabolismo. Pode-se também recorrer a uma injeção de solução salina para controlar o inchaço por meio da extração de fluidos do cérebro. Em alguns casos, uma cirurgia que envolve a remoção de parte do crânio pode permitir que o cérebro inche sem que sofra danos adicionais. Uma dose forte de pentobarbital (barbitúrico) ou propofol (sedativo) é o método em geral empregado para induzir um paciente ao coma. Monitorado eletricamente, o cérebro apresenta um padrão de completa inatividade. "As ondas cerebrais simplesmente se apagam", diz Mayer. "O paciente parece morto. Não há reação a toque, nenhuma reação das pupilas, nada." O coma não é benigno. Pacientes imobilizados podem sofrer pneumonias letais ou coágulos sangüíneos que podem se tornar fatais caso cheguem aos pulmões. Os pacientes também desenvolvem paralisia muscular ou fraqueza que pode durar semanas, mesmo que sejam retirados com sucesso do coma. E um paciente com um cérebro danificado talvez resista ao procedimento, mas saia do coma em estado vegetativo persistente. Entre os neurologistas, as opiniões sobre esse procedimento variam da aceitação relutante à completa rejeição. "Eu já usei muito o coma induzido e considero que o método seja um recurso experimental para minimizar a atividade cerebral e ajudar o cérebro a se curar", diz Teresa L. Smith, diretora da unidade de tratamento neurológico intensivo do Sistema de Saúde do Michigan. "Mas o grau de sucesso que consegui com o método variou muito. É possível estabilizar um paciente e garantir que ele sobreviva, mas a qualidade de vida que essa sobrevivência envolve talvez seja terrível. Não se pode saber quem sobreviverá e quem não, com uma qualidade de vida reduzida." Michael N. Diringer, professor de neurologia da Universidade Washington, em St. Louis, e presidente da Neurocritical Care Society, é um dos céticos. "O problema que encontrei com o método é que, embora os estudos demonstrem que causa redução temporária da pressão, o resultado final não traz melhoras para o paciente. Esse tipo de intervenção nunca conseguiu provar melhoras consistentes. No meu departamento, que se limita ao cuidado intensivo de pacientes neurológicos, de maneira nenhuma usamos essa forma de tratamento", diz. O resultado final do procedimento para Sharon e McCloy ainda não foi determinado, mas Rubén Contreras, boxeador de Ciudad Juárez -que foi colocado em coma induzido depois de uma luta em Los Angeles, em 28 de maio de 2005- estava recuperado a ponto de comparecer a uma luta de boxe em 10 de setembro. Mas ele estava na platéia, e não no ringue. Texto Anterior: Para pesquisador, colágeno é a chave Próximo Texto: Brasileiros recomendam procedimento Índice |
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