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Brasileiros recomendam procedimento
Os médicos brasileiros ouvidos pela
Folha reconhecem os riscos e a impossibilidade de saber se o coma induzido resultará na melhora do paciente submetido ao procedimento. Eles afirmam, porém, que essa é a medida a ser tomada
em casos de lesões cerebrais graves.
Para o professor de neurologia clínica
da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo) Deusvenir de Souza Carvalho, o
procedimento pode ser benéfico. "Se o
acompanhamento for bom, os riscos ficam bastante minimizados", diz.
Carvalho explica, no entanto, que as
indicações são limitadas. A idéia do coma induzido é suspender as atividades
cerebrais no momento de uma lesão
grave para "dar um tempo" ao organismo. "Serve para proteger o cérebro e dar
uma chance para o encéfalo se recuperar", explica o neurologista. "Normalmente é indicado em lesões graves. O
ideal é que seja realizado logo e por um
tempo breve", diz.
Ioannes Minas Liontakis, médico intensivista do Hospital das Clínicas de
São Paulo e do Hospital Santa Catarina
(SP), concorda que o coma é benéfico,
mas acrescenta que não há certeza de
que será efetivo. "Não há garantias de
que funcione", afirma. Mesmo assim,
indica a intervenção. "Como a área do
cérebro ao redor da lesão também entra
em sofrimento, a diminuição do metabolismo por causa do coma preserva esses tecidos. Além disso, faz a região afetada desinchar um pouco", diz. Para
Liontakis, quando a lesão cerebral é grave, não há alternativa ao coma induzido.
"É preciso um monitoramento constante, para evitar, na medida do possível,
quadros infecciosos como pneumonia e
embolia e prestar muita atenção a condições como o aumento da febre ou da glicemia", diz o neurologista do Hospital
Albert Einstein (SP) e membro da Academia Americana de Neurologia Pedro
Paulo Porto Jr.
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