São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006
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Brasileiros recomendam procedimento

Os médicos brasileiros ouvidos pela Folha reconhecem os riscos e a impossibilidade de saber se o coma induzido resultará na melhora do paciente submetido ao procedimento. Eles afirmam, porém, que essa é a medida a ser tomada em casos de lesões cerebrais graves.
Para o professor de neurologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Deusvenir de Souza Carvalho, o procedimento pode ser benéfico. "Se o acompanhamento for bom, os riscos ficam bastante minimizados", diz.
Carvalho explica, no entanto, que as indicações são limitadas. A idéia do coma induzido é suspender as atividades cerebrais no momento de uma lesão grave para "dar um tempo" ao organismo. "Serve para proteger o cérebro e dar uma chance para o encéfalo se recuperar", explica o neurologista. "Normalmente é indicado em lesões graves. O ideal é que seja realizado logo e por um tempo breve", diz.
Ioannes Minas Liontakis, médico intensivista do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Hospital Santa Catarina (SP), concorda que o coma é benéfico, mas acrescenta que não há certeza de que será efetivo. "Não há garantias de que funcione", afirma. Mesmo assim, indica a intervenção. "Como a área do cérebro ao redor da lesão também entra em sofrimento, a diminuição do metabolismo por causa do coma preserva esses tecidos. Além disso, faz a região afetada desinchar um pouco", diz. Para Liontakis, quando a lesão cerebral é grave, não há alternativa ao coma induzido. "É preciso um monitoramento constante, para evitar, na medida do possível, quadros infecciosos como pneumonia e embolia e prestar muita atenção a condições como o aumento da febre ou da glicemia", diz o neurologista do Hospital Albert Einstein (SP) e membro da Academia Americana de Neurologia Pedro Paulo Porto Jr.


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