São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004
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Avanços na prevenção e no tratamento

Aparelhos de última geração
Com o PET/CT, aliado no diagnóstico do câncer de pulmão, pode-se hoje ter uma noção mais precisa das características e da localização do nódulo, o que facilita a retirada cirúrgica do tumor. As máquinas de mamografia chegam a detectar tumores com menos de 1 mm.

Cirurgias pouco invasivas
Antigamente, as incisões cirúrgicas mediam cerca de 20 cm, e os pacientes sofriam com a cicatrizarão e com possíveis infecções. Hoje, segundo o cirurgião Jurandir de Almeida Dias, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, cirurgias de esôfago, pulmão e intestino, por exemplo, podem ser feitas com incisões de 2 cm, graças ao uso de microcâmeras que facilitam o acesso ao local. A colostomia, bolsa para recolhimento de fezes após cirurgia para retirada de intestino, é menos comum. "Conseguimos preservar melhor o local e os músculos envolvidos no processo", diz.

Enxurrada de pesquisas clínicas
Graças ao extenso número de estudos, pode-se tratar cada tipo de tumor de uma maneira mais certeira. As pesquisas forneceram informações mais precisas que já estão sendo aplicadas com sucesso no tratamento da doença. Estudo recente do Institute Gustave Roussy, na França, com 1.867 pacientes de 33 países, mostrou que a quimioterapia administrada após a retirada do câncer de pulmão pode impedir recidivas.

Índice de cura
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura, que chegam a 90% no câncer de mama e a 95% no de próstata. A prevenção do primeiro é feita via auto-exame, indicado para mulheres a partir de 20 anos. Aos 35 anos, deve-se começar a fazer as mamografias -a cada dois anos para quem tem entre 40 e 49 anos e anualmente após os 50. Quem tem histórico do câncer na família também deve fazer ultra-sonografia a partir da primeira menstruação. Para se prevenir dos tumores da próstata, homens acima de 40 e com histórico da doença na família devem fazer, todo ano, exame de toque e dosagem do PSA. A partir dos 50, ambos os exames devem ser feitos por todos os homens.

Marcadores tumorais
Assim como acontece com o câncer de próstata, em que é feita a dosagem de PSA, proteína cujos níveis elevados no sangue indicam a presença de tumor, cientistas tentam encontrar outros marcadores para diversos tipos de câncer. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, tentam desenvolver um teste que encontraria um grupo específico de moléculas presentes em células de tumores no intestino. No Brasil, pesquisadores do Hospital do Câncer, em parceria com o instituto Ludwig, chegaram a um marcador molecular que identifica células tumorais presentes no câncer de estômago -trabalho que estampa a capa da nova edição da revista "Cancer Research".

Melhorias paliativas
Está mais fácil controlar os efeitos colaterais da quimioterapia, da radioterapia ou da própria doença. O controle da dor física é possível com avançados medicamentos que combinam analgésicos, antiinflamatórios, opiáceos e antidepressivos. Há estimuladores de apetite para os que sofrem de inapetência. Há dez anos, as pessoas morriam de infecções após a quimioterapia, hoje é possível proteger o sistema imunológico. Para melhorar a qualidade de vida do paciente, a acupuntura, a arteterapia, a meditação e musicoterapia se mostram eficientes.

Prevenção no dia-a-dia
Descoberta essencial para a prevenção: 70% dos tipos de câncer estão relacionados a hábitos inadequados. Obesidade, sedentarismo, dieta desequilibrada, cigarro e álcool parecem facilitar a incidência e o desenvolvimento de câncer. Consumir muita fruta, verdura e grãos reduz em até 50% os tumores de mama. O cigarro é responsável por 90% dos cânceres de pulmão. Atividade física, além de fortalecer o sistema imunológico, equilibra os níveis dos hormônios sexuais, que servem de combustível para os tumores de mama e próstata. No caso do câncer de pele, o principal inimigo é o sol, por isso o uso do protetor solar é tão importante.

Proteção à genética
A medicina reconhece que 10% dos tumores têm origem genética, ou seja, um gene com alguma lesão é herdado. Segundo a geneticista Simone Noronha, do Hospital do Câncer, isso se dá em casos de câncer de mama, intestino, tireóide e rim. Graças à oncogenética, hoje existe um teste que avalia o risco de a pessoa com histórico familiar desenvolver o mesmo câncer. De custo alto -entre R$ 8 mil e R$ 9 mil-, o exame é indicado para casos especiais e não é infalível. "É preciso que a pessoa tenha mais de um parente com um ou mais tipos de câncer desenvolvidos ainda na juventude", diz a especialista. E, quando a predisposição para certos cânceres de mama é alta, há drogas para serem prescritas antes mesmo de o tumor surgir, a fim de impedir o desenvolvimento da doença.

Quimioterapia em domicílio
As drogas quimioterápicas podem ser dadas em doses fracionadas, o que ameniza os efeitos colaterais (náusea, diarréia, risco de infecções), e por via oral, o que significa poder tomar em casa.

Radioterapia mais precisa
Usada para tratar 60% dos tipos de câncer, a radioterapia se utiliza de radiações ionizantes que danificam o material genético das células tumorais. "Atualmente, os aparelhos são mais precisos e conseguem poupar os tecidos sadios que estão próximos ao tumor. Com isso, o paciente sente menos dor", explica João Victor Salvajoli, diretor do Departamento de Radioterapia do Hospital do Câncer. Existem drogas que também protegem os tecidos saudáveis durante a radiação, usadas principalmente no câncer de esôfago.


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