São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002
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firme e forte

Parques e praças se convertem em academia

João Wainer/Folha Imagem
Corina Karsh (esq.) e Bettina Vidal fazem exercícios de alonga-mento no Ibirapuera


EDNA BATISTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Foi-se o tempo em que as praças e os parques de São Paulo eram ocupados apenas por corredores solitários e pais que observavam as crianças andarem de bicicleta enquanto permaneciam placidamente sentados. Agora, esses espaços começam a ser ocupados por grupos organizados por academias e assessorias esportivas, que estão criando programas específicos para os adeptos dos exercícios ao ar livre.
O público é variado: de empresários a estudantes, passando por profissionais liberais, donas-de-casa e executivos. Tanto iniciantes como praticantes avançados podem participar dos treinamentos, que geralmente incluem caminhadas, corridas e exercícios de alongamento.
O circuito paulistano da malhação outdoor é formado por áreas como o parque Ibirapuera (zona sul da capital) e a Cidade Universitária (zona oeste) -locais já tradicionais para a prática de atividades físicas-, o Jockey Club, a praça Conde Barcelos (ambos na zona oeste) e, a partir desta semana, o parque Serete (zona leste). Até áreas em shoppings, entre elas o estacionamento do Ibirapuera (zona sul) e a cobertura do Higienópolis (zona central), são usadas para os treinamentos.
Para Marcos Paulo Reis, da MPR, fazer exercícios ao ar livre é uma tendência. "As pessoas estão se voltando para as atividades outdoor", afirma ele. Sob orientação de sua equipe, cerca de 400 pessoas treinam semanalmente no Ibirapuera e na Cidade Universitária.
Aulus Sellmer, da 4any1 Assessoria Esportiva, diz que essa tendência vem se intensificando com o aumento das provas de aventura. "Há dez anos, essas atividades eram praticadas por grupos de amigos, hoje minha equipe trabalha com mais ou menos 120 alunos."
Fazer exercícios a céu aberto pode aumentar a motivação, principalmente daqueles que, embora não gostem do ambiente das academias, não abrem mão da atividade física. "A academia me deixava estressada, tinha fila para usar a esteira", diz a empresária Isabel Joaquim, 44, que há dois anos e meio treina três vezes por semana com a equipe da Ação Total. "A academia tem aquela coisa meio claustrofóbica, todo mundo suando. Hoje pratico esportes com muito mais frequência", afirma a psicóloga Corina Karsh, 29, que treina há um ano no Projeto Mulher, desenvolvido pela RG Nutri.
Até o visual pode ser estimulante. A decoradora Bettina Vidal, 30, há três anos no Projeto Mulher, diz que gosta da alternância de paisagens que a atividade ao ar livre proporciona. O contato mais próximo com o treinador também ajuda. Embora tenha iniciado o treinamento há apenas dois meses e meio, o analista de empresas Gustavo Teixeira, 26, já está mais assíduo no parque que na academia. "Mais pago do que vou à academia. Aqui no Ibirapuera, se eu falto, o treinador me liga, cobra."
Iniciar um treinamento outdoor não significa, necessariamente, abandonar a academia. Segundo Reis, essas atividades são complementares. Por isso muitas academias já oferecem programas ao ar livre. Na Reebok Sports Club, os treinos são feitos em uma praça que fica a um quilômetro da academia e também na Cidade Universitária. Na Bio Ritmo da avenida Paulista, os alunos podem usar a pista de cooper do Conjunto Nacional.
Em sua unidade do shopping Morumbi, a Companhia Athletica oferece uma pista suspensa, localizada no estacionamento. Além disso, essa academia desenvolveu, em parceria com a 4any1, o projeto Cia. Outdoor. Previsto para ser lançado nesta semana, o programa inclui aulas de alongamento, exercícios localizados, abdominais e complementares para a prática de corrida, provas de aventura e triatlo na Cidade Universitária e no Ibirapuera.
Mas treinar ao ar livre tem seus inconvenientes. A grade de horários é bem mais enxuta: os treinos concentram-se no início da manhã ou da noite e podem ser cancelados por causa da chuva.
Isso não ocorre, por exemplo, na Citi Athletic Club, primeira academia a céu aberto de São Paulo. Localizada na cobertura do hotel Blue Tree Towers Berrini e inaugurada há pouco mais de um ano, ela é uma boa opção para quem quer fazer exercícios ao ar livre sem ser ameaçado pelo clima. Em dias chuvosos ou com muito sol, o teto retrátil se fecha, e os alunos e os equipamentos ficam protegidos.


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