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Ação de cosméticos é questionada
Fora da xícara, o chá verde faz sucesso à frente do espelho. Por conter
substâncias antioxidantes, ele vem
sendo usado na composição de cremes, loções e géis de marcas como
Shiseido, Givenchy, Elizabeth Arden,
Avon, Davene e O Boticário. A promessa: combater os radicais livres e
retardar o envelhecimento da pele.
De acordo com o químico Gustavo
Carturan, gerente dos laboratórios
Avon no Brasil, o efeito antioxidante
do chá verde é aproximadamente
dez vezes maior que o da vitamina E.
"Estudos da Universidade do Sul da
Califórnia, nos Estados Unidos, e da
Escola de Medicina da Universidade
de Sheffield, no Reino Unido, voltados para a área de alimentos, já comprovaram que o chá é realmente eficaz em atividades antioxidantes."
De acordo com ele, os estudos também são válidos para a área cosmética. "Se houver ingestão oral, a substância agirá dentro do organismo; se
houver aplicação tópica, a mesma
atividade será verificada no tecido
cutâneo", explica. Carturan afirma
ainda que os testes de eficácia realizados pela Avon comprovaram o combate aos radicais livres e o efeito antienvelhecimento.
Os médicos, porém, questionam os
resultados das pesquisas feitas pela
indústria de cosméticos. "Não há estudos clínicos com metodologia
científica adequada que comprovem
uma ação do chá verde em cremes",
afirma a dermatologista Ediléia Bagatin, professora da Unidade de Cosmiatria da Unifesp.
O professor de dermatologia geral
da USP Luiz Carlos Suce afirma que a
tendência de usar chá verde em cosméticos é uma "grande besteira". Suce afirma que as propriedades da
planta alardeadas pelos fabricantes
de cosméticos são somente "um recurso criativo para se diferenciar no
mercado e vender mais". "Não há
nada comprovado cientificamente."
Já a coordenadora da Unidade de
Cosmiatria e Laser da Unifesp, a médica Alessandra Haddad, acredita
que o chá verde seja uma substância
"bastante promissora, com perspectivas de muitas aplicações possíveis".
Segundo ela, estudos em animais
comprovaram que o chá verde tem
ações antiinflamatórias, antitumorais e antioxidantes eficazes. Mas, em
humanos, a única comprovação é
que os polifenóis da planta previnem
o envelhecimento causado por raios
ultravioleta.
Distante dessa polêmica, a L'Occitane incluiu o chá verde na linha Os
Jardins exclusivamente pelo aroma.
Segundo Sílvia Gambin, uma das sócias-diretoras da empresa no Brasil, a
planta é utilizada exclusivamente como fragrância olfativa relaxante. Não
há nada de terapêutico. "A linha é
uma das prediletas do público porque a fragrância é fresca. O aroma é
leve, combina muito com o nosso clima e é usado tanto por homens
quanto por mulheres", afirma. Outras marcas, como a Bulgari e a Roger
& Gallet, também estão produzindo
perfumes com o extrato da planta.
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