UOL


São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ação de cosméticos é questionada

Fora da xícara, o chá verde faz sucesso à frente do espelho. Por conter substâncias antioxidantes, ele vem sendo usado na composição de cremes, loções e géis de marcas como Shiseido, Givenchy, Elizabeth Arden, Avon, Davene e O Boticário. A promessa: combater os radicais livres e retardar o envelhecimento da pele.
De acordo com o químico Gustavo Carturan, gerente dos laboratórios Avon no Brasil, o efeito antioxidante do chá verde é aproximadamente dez vezes maior que o da vitamina E. "Estudos da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e da Escola de Medicina da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, voltados para a área de alimentos, já comprovaram que o chá é realmente eficaz em atividades antioxidantes."
De acordo com ele, os estudos também são válidos para a área cosmética. "Se houver ingestão oral, a substância agirá dentro do organismo; se houver aplicação tópica, a mesma atividade será verificada no tecido cutâneo", explica. Carturan afirma ainda que os testes de eficácia realizados pela Avon comprovaram o combate aos radicais livres e o efeito antienvelhecimento.
Os médicos, porém, questionam os resultados das pesquisas feitas pela indústria de cosméticos. "Não há estudos clínicos com metodologia científica adequada que comprovem uma ação do chá verde em cremes", afirma a dermatologista Ediléia Bagatin, professora da Unidade de Cosmiatria da Unifesp.
O professor de dermatologia geral da USP Luiz Carlos Suce afirma que a tendência de usar chá verde em cosméticos é uma "grande besteira". Suce afirma que as propriedades da planta alardeadas pelos fabricantes de cosméticos são somente "um recurso criativo para se diferenciar no mercado e vender mais". "Não há nada comprovado cientificamente."
Já a coordenadora da Unidade de Cosmiatria e Laser da Unifesp, a médica Alessandra Haddad, acredita que o chá verde seja uma substância "bastante promissora, com perspectivas de muitas aplicações possíveis". Segundo ela, estudos em animais comprovaram que o chá verde tem ações antiinflamatórias, antitumorais e antioxidantes eficazes. Mas, em humanos, a única comprovação é que os polifenóis da planta previnem o envelhecimento causado por raios ultravioleta.
Distante dessa polêmica, a L'Occitane incluiu o chá verde na linha Os Jardins exclusivamente pelo aroma. Segundo Sílvia Gambin, uma das sócias-diretoras da empresa no Brasil, a planta é utilizada exclusivamente como fragrância olfativa relaxante. Não há nada de terapêutico. "A linha é uma das prediletas do público porque a fragrância é fresca. O aroma é leve, combina muito com o nosso clima e é usado tanto por homens quanto por mulheres", afirma. Outras marcas, como a Bulgari e a Roger & Gallet, também estão produzindo perfumes com o extrato da planta.


Texto Anterior: Chá verde faz bem para a saúde, mas não faz milagre
Próximo Texto: Novo remédio promete combater a calvície
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.