São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000 |
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poucas e boas Combate à leucemia infantil ganha aliado
ISABEL GERHARDT
A partir de agosto, o combate à leucemia infantil
ganhará mais um aliado: pesquisadores de
Campinas usarão um teste capaz de detectar 1
célula cancerosa em cada 1.000 a 100.000 células normais. A técnica ajudará a estabelecer formas de tratamento mais eficientes para o combate à doença. O teste
que é utilizado atualmente deixa passar até 10 bilhões de
células cancerosas sem que elas sejam detectadas.
A cura da leucemia linfóide aguda (LLA) requer a eliminação completa das células cancerosas. Na prática, o
tratamento busca diminuir o número de células leucêmicas até o ponto em que, além da ausência de sinais ou
sintomas da doença, a medula óssea (produtora das células sanguíneas) apresente menos de 5% de células
identificadas como cancerosas.
A identificação se dá por análise ao microscópio de
amostras do sangue e da medula óssea. "Saber diferenciar uma célula leucêmica de outra normal não é fácil, a
pessoa precisa ser bem treinada porque as diferenças
não são óbvias", diz Andres Yunes, coordenador do Laboratório de Biologia Molecular do Centro Boldrini e
responsável pela implantação do novo exame.
O paciente pode apresentar até 10 bilhões de células
cancerosas sem que elas sejam detectadas pela análise
ao microscópio. A essas células remanescentes, dá-se o
nome de doença residual mínima (DRM).
O teste que será implantado por Yunes é bem mais
sensível porque, em vez de se basear na morfologia (forma) das células, é capaz de reconhecer sequências exclusivas do material genético (DNA) da célula leucêmica. As sequências, resultado de alterações que acontecem somente no DNA das células cancerígenas, serão
usadas para sua detecção e quantificação. Amostras de
sangue e da medula óssea serão coletadas e analisadas
em seis diferentes fases do tratamento.
"As pessoas vêem tantos avanços em biologia molecular, como o sequenciamento de genoma, e pensam,
muitas vezes, que é algo distante delas. Esse projeto de
investigação de doença residual ajuda a entender que a
pesquisa é algo importante, que exige a colaboração de
diversos centros", afirma Yunes. |
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