São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2006
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saúde

Teste da orelhinha pode inibir avanço de problemas auditivos

Campanha busca difundir exame que detecta 75% das falhas de audição ainda no berçário

FLÁVIA PEGORIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma campanha iniciada pela SBO (Sociedade Brasileira de Otologia) pretende popularizar e demonstrar a importância do teste da orelhinha, uma avaliação do sistema auditivo dos recém-nascidos.
Hoje, no Brasil, as falhas auditivas atingem de 3 a 5 bebês em cada 1.000 nascimentos, mas cerca de 75% delas podem ser detectadas ainda no berçário, e quase 100% dos casos podem ser solucionados quando diagnosticados antes de a criança completar um ano.
Conhecida como teste da orelhinha, a triagem auditiva neonatal não demonstra o grau de perda auditiva, mas pode dizer se a função do ouvido está normal ou deficiente.
A avaliação, que demora entre cinco e dez minutos, é feita com um aparelho que emite ondas acústicas. Essas ondas ativam certas áreas do ouvido que, se estiverem normais, produzirão emissões otoacústicas -sons detectados pela atividade de células da cóclea (parte anterior da orelha interna) e que são avaliados para apresentar o quadro auditivo do bebê.
O teste não dói, não tem contra-indicação e não causa incômodo por não usar métodos invasivos, como agulhas.
Um dos problemas possíveis de serem detectados é a surdez profunda, que não pode ser solucionada com aparelho auditivo padrão. Mas um dispositivo chamado implante coclear, inserido por cirurgia em bebês a partir de um ano, possibilita a melhora de vida da criança.
"O aparelho permite que o paciente desenvolva plenamente a fala e dura 75 anos, garantindo toda uma vida de inclusão na sociedade", diz o otorrinolaringologista Paulo Porto, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O médico lembra ainda que, se não passarem pela triagem, crianças com qualquer grau de surdez tendem a ficar sem tratamento por tempo demais. "Mesmo sem escutar, o bebê balbuciará normalmente, levando os pais a crer que ele ouve bem. O diagnóstico precoce possibilita resolver a deficiência no primeiro ano de vida."
A Campanha Nacional da Audição pretende colocar a triagem no mesmo patamar do teste do pezinho, capaz de identificar diversas deficiências em recém-nascidos.
Alguns municípios contam com leis que obrigam as maternidades a fazer o teste da orelhinha. "Mas a informação é melhor do que a obrigatoriedade", diz o presidente da SBO, Luiz Carlos Alves de Sousa. "A população entende que é melhor custear um exame de R$ 40 do que ter as privações de um deficiente auditivo."
Além disso, a SBO quer desmistificar o uso de aparelhos auditivos nas crianças com idade pré-escolar. A preocupação tem fundamento: nas salas de aula, de 10% a 15% das crianças apresentam 30% de diminuição da acuidade auditiva. Cerca de 2% dos casos exigiriam o uso de aparelhos, mas não chegam a ser detectados.


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