São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005 |
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Comportamento Pais contrariam indicação médica e colocam bebês para dormir de bruços Polêmica no berço
BRIAN BRAIKER
Danica Stanciu estava ouvindo as queixas
da amiga Natasha, que, como ela, teve um
bebê recentemente. "Ela me ligou no me-io de uma noite insone e eu perguntei se
ela queria saber o mais tenebroso segredo que eu tinha. Contei que deixava Elena dormir de barriga para
baixo". Nos EUA, mães como Stanciu estão conduzindo um discreto motim contra os médicos, que advogam que os bebês devem dormir de costas, como
precaução contra a síndrome da morte súbita infantil
(Sids, na sigla em inglês). Os pais de recém-nascidos
vêm, no entanto, descobrindo que os benefícios de
uma noite de sono (mais provável caso durmam de
bruços) superam o risco de Sids.
Apesar das advertências, um número crescente de pais começa a deixar de lado as recomendações. Mensagens em fóruns de discussão e listas de e-mail sobre bebês indicam que a tendência é um fato no EUA. No BabyCenter.com, que atrai cerca de 3,5 milhões de usuários por mês, um leitor postou uma mensagem em que afirmava que seu bebê "odeia dormir de costas". A mensagem atraiu respostas de mais de 400 pais, que, na maioria, admitiam que seus bebês dormem de bruços. Linda Murray, editora-executiva do site, mostrou uma pesquisa feita com mais de 24 mil usuários que constatou que a proporção de pais que permitiam que seus bebês dormissem de bruços (42%) era a mesma que a de pais que os faziam dormir de costas (43%), ainda que metade deles se dissessem "preocupados" com a Sids. Como explicação, Murray sugere que a campanha do governo terminou vítima de seu sucesso: o índice de Sids caiu tanto nos últimos dez anos que hoje os pais têm menor chance de conhecer alguém que tenha perdido um filho dessa forma. Não só muitos bebês dormem melhor de bruços mas a probabilidade de que desenvolvam plagiocefalia, deformação do crânio que faz com que muitas crianças tenham cabeça chata, é menor nessa posição. Jeffrey H. Wisoff, professor associado de neurocirurgia e pediatria no Centro Médico da Universidade de Nova York, disse que, desde a campanha, a plagiocefalia (deformação do crânio que deixa a cabeça chata) se tornou "epidêmica". De acordo com o médico, a academia pediátrica deveria instruir os pais a ocasionalmente modificar a posição dos bebês nos berços e a deixá-los de bruços quando acordados. Tradução de Paulo Migliacci Texto Anterior: Saúde: Alga para tudo Próximo Texto: No Brasil, posição também é desaprovada Índice |
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