São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2002
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Cabeças femininas também perdem os fios

Quando, aos 27 anos, a assistente de compras Carmen Kind, hoje com 40, percebeu que seu cabelo estava caindo, pensou ser normal, pois desde pequena tinha cabelos ralos. Um ano e meio depois, aconteceu a cena que a traumatizou: "No ponto de ônibus, duas moças pararam e disseram "nossa, que ridículo, nunca vi uma mulher careca!". Só aí me dei conta de que estava ficando careca". Depois de tomar medicamentos sem obter resultados, optou pelo entrelaçamento.
Como Carmen, cerca de 40% das brasileiras podem estar apresentando algum grau de calvície sem se dar conta, segundo estimativas da presidente da Sociedade Sul-Americana de Estudos para o Cabelo, Denise Steiner.
A calvície feminina caracteriza-se por uma rarefação, principalmente no alto da cabeça, mais difícil de ser percebida do que a masculina. Por possuir hormônio masculino, a mulher passa pelo mesmo processo que o homem -transformação da testosterona em dihidrotestosterona (DHT). Porém, nas calvas, a quantidade de 5 alpha-redutase tipo 2 na área sem cabelo é maior do que nas não-calvas. E tal determinação é essencialmente genética.
Esse também é o caso da secretária Suely Gentil Lopes, 36, que, aos 16 anos, começou a perceber que "algo de estranho" estava acontecendo com os cabelos. "Vi que os fios estavam ficando fracos e logo começaram a cair bastante. Daí até meus 18 anos, o processo acelerou. Fui atrás das loções e dos cremes e até fiz tratamento com choque, mas só fiquei com o couro cabeludo ardendo e com coceiras."
Por recomendação médica, chegou a usar minoxidil por alguns anos, sem resultado, e adotou a finasterida. "Depois de três anos de uso, senti uma boa melhora. A queda estacionou, meu cabelo cresceu, e a oleosidade diminuiu." Na sexta-feira pré-carnavalesca, Suely avançou mais um passo no tratamento: fez um microtransplante. "Sempre tive medo, achava que ia ficar com aquele cabelo de boneca. Mas vi o marido de uma amiga e me animei com o resultado." Hoje aguarda ansiosa o crescimento dos fios.
Além da calvície genética, existe um quadro que simula uma alopecia androgenética, diz a dermatologista Ediléia Bagatin. Quando a mulher sofre de hiperplasia da glândula supra-renal ou de ovário polissístico, por exemplo, o nível de hormônios masculinos aumenta consideravelmente, e pode-se instalar um quadro de calvície.


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