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Vômitos e sacrifícios na busca pelo perdão
Desde os tempos remotos, o perdão está associado à redenção do
homem. A forma utilizada é que diverge da atual. Os judeus sacrificavam cordeiros para receber em troca a piedade divina. Também
abandonavam bodes no deserto,
acreditando que os animais levariam com eles os pecados (daí o termo bode expiatório), isentando os
homens de culpa. Os cananitas (antigos habitantes da atual Palestina)
usavam o sacrifício humano para
obter a piedade dos deuses. Na
Etiópia, membros de tribos realizavam cerimônias em que vomitavam para que suas maldades fossem expelidas e eles pudessem obter o perdão dos deuses.
Jesus Cristo na cruz é o símbolo
máximo do perdão no Ocidente, a
"prova" de que Deus perdoou os
homens pelos atos que cometeram.
"A partir daí, caberia a todo homem perdoar o próximo para que
-só assim- pudesse obter o perdão divino", explica o teólogo e psicoterapeuta Zenon Lotufo.
Porém, segundo os princípios judeo-cristãos, esse perdão não é incondicional. "Para ser perdoada, a
pessoa precisa desejar sê-lo; como
diz o Velho Testamento, não pode
ter o coração empedernido; precisa
ter disposição de alma", explica
Roberto Romano, professor de filosofia da Unicamp. Para ele, essa
história de que Deus perdoa tudo
"é discurso de um cristianismo
'pollyanna'".
Além disso, somente a partir do
temor e do arrependimento é possível obter o perdão e se conciliar
com Deus, diz João Décio Passos,
do departamento de teologia e
ciência da religião da PUC-SP.
"Perdoar seria o último sacrifício
realizado por uma pessoa para não
haver mais sofrimento entre os homens", completa o teólogo.
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