GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com a ajuda de um novo equipamento do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, pessoas com tontura podem agora localizar mais facilmente a origem do problema e fazer um acompanhamento mais eficaz do tratamento. O aparelho, chamado posturógrafo, é o único disponível no país e pode ser usado gratuitamente, desde que haja indicação médica.
Aproximadamente 70% da população idosa sofre de algum tipo de tontura, como a vertigem. A tontura é a principal queixa de cerca de 10% dos pacientes que procuram um clínico-geral. Se forem somadas as consultas feitas a neurologistas e otorrinolaringologistas, esse percentual sobe para 20%.
O posturógrafo avalia os três principais responsáveis pelo equilíbrio: a visão, o labirinto (estrutura localizada dentro do ouvido) e a propriocepção, que informa o cérebro se a pessoa está em pé ou sentada e se o braço ou a perna estão flexionados, por exemplo. "O posturógrafo avalia o equilíbrio como um todo, enquanto a maioria dos outros exames valorizam muito o labirinto", explica o médico do HC Ítalo Roberto Torres de Medeiros, membro da Fundação Otorrinolaringologia.
Durante os testes, o paciente fica sobre uma plataforma com sensores que medem seu equilíbrio e é exposto a imagens que se movimentam. O aparelho indica a origem do problema -visão, labirinto ou propriocepção- e quantifica o grau de desequilíbrio da pessoa. A partir dessas informações, o médico pode solicitar exames mais específicos para diagnosticar a causa da tontura. "Esse equipamento é um importante instrumento para planejar o tratamento do paciente", afirma Roseli Bittar, otorrinolaringologista do HC.
O posturógrafo é útil também durante o tratamento. "É possível acompanhar melhor a evolução do paciente, verificando se o grau de desequilíbrio aumentou ou diminuiu", diz Medeiros. Isso é particularmente importante no tratamento infantil, já que as crianças têm dificuldade de explicar a intensidade da tontura.