São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2005
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Casa

Flores naturais revitalizam ambientes fechados com cuidados simples

Do lado de dentro

LUANDA NERA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para quem segue à risca os manuais de decoração inspirados na filosofia do feng shui, o hábito de manter flores e plantas naturais dentro de casa tem um significado que extrapola os limites estéticos. Consideradas "geradoras de energia", elas assumiram a função de limpar o ambiente, tornando-o mais perfumado, alegre e saudável. Há também quem recomende o cuidado com as plantas como atividade terapêutica, já que ele permite o contato com a natureza mesmo em locais com pouco espaço verde por perto. Isso sem falar no caráter romântico e visualmente agradável das flores naturais.
"As plantas deveriam vir com uma bula, uma espécie de manual de instruções. Muita gente opta pelas naturais, mas as tratam como objetos de decoração. É preciso perceber que são vivas." O alerta da paisagista Cristina Espigado, 39, não vale apenas para quem cuida de um espaço verde no quintal ou pretende construir um jardim de inverno.
O recado é principalmente para aqueles que não abrem mão de ter um cachepô florido na mesa da sala ou um vasinho de violetas no banheiro. O problema é que, para o consumidor "leigo", fica difícil saber como manter vivas e fortes plantas e flores naturais.
Quanto de água cada espécie necessita? E de luz? É preciso adubar a terra? Quando é hora de podar as mudas? Como perceber se a planta está morrendo? Essas são algumas das principais dúvidas de quem é adepto da decoração natural dentro de casa. "Água, sol e adubo são os principais nutrientes. Mas, assim como acontece com os seres humanos, é preciso saber dosá-los. Há espécies que exigem pouquíssima água, por exemplo. Se quem cuida não estiver atento, não conhecer as características da planta ou a flor que escolheu para manter, vai acabar matando-a sem perceber", diz Cristina.
A primeira tarefa é descobrir que tipo de flor ou folhagem combina com cada canto da casa, sempre levando em conta a ventilação, a umidade e a iluminação do ambiente.
"A quantidade de luz natural define o lugar das plantas na casa. E vale sempre a regra de que, quanto mais claro o cômodo, maior o leque de escolhas. Isso interfere também na quantidade de água de que as espécies necessitam. Em lugares mais escuros, onde não há incidência direta do sol, há menos evaporação e, portanto, a quantidade de água deve ser menor", explica o paisagista Eduardo Luppi, 39.
Luppi também recomenda atenção na hora de escolher as espécies para decorar ambientes fechados. Na sua opinião, as informações contidas nos rótulos das embalagens das plantas vendidas em supermercados não são suficientes para esclarecer sobre os cuidados básicos de manutenção. "As lojas deveriam treinar seus vendedores para orientar os clientes. Não dá para ficar arriscando, testando a reação das plantas ou flores."
A paisagista Cristina Espigado destaca a importância de manter as flores num lugar fixo na casa para que elas possam se adaptar às condições do ambiente. "As espécies passam por um processo de adaptação que pode durar meses. Se não houver estabilidade, elas não vão se desenvolver com saúde", diz.
Além da dosagem ideal de água e luz, é fundamental manter a qualidade dos nutrientes na terra. Cristina recomenda a utilização de adubos líqüidos, aplicados quinzenalmente.
Já para as chamadas flores de corte _que não precisam ser plantadas, como rosas, girassóis e gérberas_ valem as receitas caseiras. A mais conhecida delas é aprovada pelos especialistas: uma colher (sopa) de água sanitária na água a cada dois dias evita o mau cheiro e garante que as flores fiquem bonitas por mais tempo. "O que faz as plantas de corte morrerem é o limbo que se forma na ponta do caule, impedindo a entrada da água. A água sanitária evita que isso aconteça", explica o florista João Carlos da Silva, 43. "A maioria das pessoas adora as flores de corte, principalmente as rosas colombianas (são maiores e mais viçosas que as nacionais), mas lamenta que elas só ficam bonitas por uma semana. Se a água do vaso for trocada a cada dois dias e for acrescentada a ela água sanitária, elas podem durar até duas semanas", complementa Romido Souza Piropo, 35. Ambos trabalham nas barracas no Mercado de Flores do Araçá, na avenida Doutor Arnaldo, em São Paulo.


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