GABRIELA SCHEINBERG
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Estima-se que 40% das pessoas que procuram um gastroenterologista apresentam dispepsia funcional, termo médico usado para designar um sintoma bem conhecido: a dificuldade de digerir. A dispepsia funcional é frequentemente associada a outro problema que afeta cerca de 12% da população brasileira, a doença do refluxo gastroesofágico. É para esses pacientes, que sofrem simultaneamente de refluxo e dispepsia, que é indicado o Lansoprid, lançado neste mês.
O novo medicamento é uma associação de duas drogas que, até agora, só podiam ser administradas separadamente: o lansoprazol (que atua no controle da azia provocada pelo refluxo) e a bromopida (para dispepsia). Além de baratear o tratamento em torno de 15%, o remédio facilita a rotina do paciente, pois reduz o número de comprimidos a serem ingeridos.
O lansoprazol faz parte de uma classe de medicamentos chamada inibidores da bomba de prótons (IBP), que bloqueiam a secreção do ácido clorídrico produzido pelo estômago. "O ácido é o principal agente causador da inflamação da mucosa do esôfago, o que provoca uma sensação de queimação que começa no estômago, sobe pelo peito e pode atingir até a garganta", explica o médico Decio Chinzon, professor da USP.
Quando a produção do ácido é inibida pelo IBP, há também uma queda na quantidade de ácido que pode ser refluída do estômago para o esôfago. Isso reduz a azia, que é o principal sintoma da doença do refluxo gastroesofágico.
Já a bromopida age sobre a motilidade do estômago, facilitando a digestão, explica Chinzon. Essa ação diminui os sintomas da dispepsia, que é caracterizada por uma sensação de desconforto na região do estômago sem que haja nenhuma origem aparente, como úlcera, cálculo na vesícula ou outro processo inflamatório.
"Embora não causem dispepsia, alterações da dieta e estresse emocional são fatores que geralmente pioram a dispepsia", diz o gastroenterologista. Os sintomas mais comuns são dor ou queimação no estômago, náusea e sensação de estar estufado ou com um peso no estômago após as refeições.


Aproximadamente 30% da população mundial sofre de algum tipo de dor crônica

Rob Griffith/Associated Press

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