Índice geral Especial
Especial
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Medo da violência dobra na Zona Sul

Preocupação com segurança sobe de 6% para 13%; Ipiranga e Cursino lideram entre os mais temerosos

DE SÃO PAULO

A sombra das árvores e o cantar dos pássaros resumem bem a tranquilidade da praça Flávio Xavier de Toledo, no Bosque da Saúde. Mas a sensação de paz dos moradores da região para por aí.

Localizada entre os distritos de Cursino e Saúde, a aparência de ilha de sossego do bosque perde força diante da sensação dos moradores.

Insegurança e criminalidade são o principal problema do Cursino para 28% dos moradores, mostra o Datafolha. O número é 4,6 vezes maior do que o aferido em 2008 (6%). O aumento se estende ao bairro do Ipiranga, distrito próximo. Na região, o salto foi de 7% para 21%.

Embora se destaque nesses dois distritos, essa preocupação aumentou na zona sul como um todo -pulou de 6%, em 2008, para 13%.

A alta é puxada por áreas com histórico de violência -Jardim Ângela, Capão Redondo e Capela do Socorro.

O medo de criminosos aumentou especialmente na tranquila rua Victor Costa, no Cursino, que é ocupada por casas de classe média.

Foi nela que o engenheiro José Sidnei Gonçalves, 55, foi morto por ladrões este ano.

Sinônimo de calmaria, a rua se armou contra criminosos com vigias e seguranças.

"Nosso bairro é muito agradável. Mas sentimos falta de carros da polícia fazendo ronda por aqui", diz o aposentado Walter Birrer, 66.

Os números de assaltos, porém, nem sempre traduzem o medo dos moradores.

No Ipiranga, por exemplo, eles caíram na comparação entre os meses de julho de 2011 e 2012 -de 140 para 121. Os casos de homicídios foram três nos últimos sete meses, número considerado baixo.

O boom imobiliário nas regiões do Ipiranga e Saúde também ajuda a alavancar a violência, avalia o tenente-coronel Eduardo Agrella, responsável pelo policiamento na área. "Prédios de alto padrão foram lançados ali, o que atrai criminosos", diz. Soma-se a isso, diz ele, uma área de favelas próxima, na região de Heliópolis.

Para o analista criminal Guaracy Mingardi, bairros de classe média são os chamados "pontos de caça", por isso, temem a violência.

"Eles são os alvos dos criminosos, que saem de seus bairros, geralmente nos extremos, e vão até a área rica mais perto deles", afirma.

Mingardi vê aí o motivo para a busca dos moradores por prédios, o que também explica o processo de verticalização da zona sul.

"O prédio tem seguranças, garagens vigiadas. Roubar uma casa é mais fácil, e o ladrão busca facilidade."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.