São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Morador tem poder de compra mais elevado

Quase metade da população desta área pertence à classe B e mantém hábitos de consumo diversificado. É liberal em questões como a legalização do aborto e o consumo de maconha, mas conservadora quando a discussão gira em torno de temas como a pena de morte e a prisão perpétua



MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Composta pelos distritos Barra Funda, Bela Vista, Liberdade, República e Santa Cecília, a área denominada centro 1 pelo instituto Datafolha concentra moradores com poder aquisitivo mais alto do que o verificado na outra parte da região central e na média geral de São Paulo.
Uma grande parcela das pessoas (41%) é de classe B (critério de classificação econômica no Brasil), enquanto na média da cidade a porcentagem de moradores que se declararam nesta situação é de 24%.
A renda familiar também é mais alta: 27% das pessoas têm remuneração acima de dez salários mínimos (o equivalente a R$ 2.400).
Quanto à escolaridade, 36% dos habitantes dessa região têm nível superior, enquanto na média de São Paulo esse índice é de 12%.
O consultor de recursos humanos Marcos Antônio da Silva, 48, da Bela Vista, exibe o perfil retratado pela pesquisa. Bacharel em comunicação e pertencente à classe B, ele apresenta também outras características comuns aos moradores da região.

Biblioteca e MPB
Silva freqüenta shopping centers, assim como 81% dos moradores, vai a restaurantes, como 68%, e tem o hábito de ir a livrarias, perfil apresentado por 50% das pessoas da área centro 1.
"Sou capaz de passar a tarde toda naquelas megastores vendo livros e CDs. Gosto também de ir à Biblioteca Municipal Mário de Andrade", afirma.
Silva não coloca a música popular brasileira em primeiro lugar em sua preferência, como 34% dos moradores, mas garante que o gênero é seu segundo favorito.
"Sou fanático por música clássica, mas sem dúvida a MPB vem em seguida. A grande maioria das pessoas que conheço aqui na região, no entanto, prefere música brasileira. Acho que é herança dos tempos em que a Bela Vista era muito freqüentada pela classe artística", diz.
Para o morador do centro 1, arroz com feijão é a comida preferida (22%) -e a mais consumida (71%)-, mas a feijoada é o prato mais apreciado nessa região do que nas outras áreas da cidade. O prato criado pelos escravos africanos foi citado por 14% das pessoas, enquanto na média da cidade foi lembrado por 7%.
No que se refere a temas polêmicos, a pesquisa aponta que os moradores dessa região são mais liberais: 28% das pessoas ouvidas são favoráveis à permissão do aborto em outras situações, além das previstas na lei atual, que são casos de estupro e risco de morte da mãe. A média de pessoas favoráveis a essa mudança na cidade é 18%.
"Eu acho que o ideal é conscientizar as mulheres das medidas preventivas, mas como isso é um processo lento, a liberação do aborto poderia evitar aqueles casos de mães muito pobres com seis filhos ou de adolescentes carentes que dão à luz e abandonam os recém-nascidos nas ruas", afirma o vendedor André Luís Netto, 23.

Liberal, mas nem tanto
Quanto à legalização da maconha, 25% dos moradores entrevistados afirmam ser a favor, contra 15% na média da cidade. "A realidade é que a maconha deixou de ser crime faz tempo, pois ninguém é preso por fumar. Levantar essa questão como se a lei fosse cumprida chega a ser uma hipocrisia", diz a funcionária pública Ana Maria Souza Ramos, 39.
Em outras questões polêmicas, no entanto, os habitantes do centro mostram seu lado conservador. Grande parte das pessoas (80%) se diz favorável à adoção da prisão perpétua no Brasil, e 61% dos moradores são a favor da instituição da pena de morte.




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