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Morador tem poder de compra mais elevado
Quase metade da população desta área pertence à
classe B e mantém hábitos de consumo diversificado. É liberal em questões como a legalização do
aborto e o consumo de maconha, mas conservadora quando a discussão gira em torno de temas
como a pena de morte e a prisão perpétua
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
Composta pelos distritos Barra
Funda, Bela Vista, Liberdade, República e Santa Cecília, a área denominada centro 1 pelo instituto Datafolha concentra moradores com poder
aquisitivo mais alto do que o verificado na outra parte da região central e na
média geral de São Paulo.
Uma grande parcela das pessoas
(41%) é de classe B (critério de classificação econômica no Brasil), enquanto
na média da cidade a porcentagem de
moradores que se declararam nesta situação é de 24%.
A renda familiar também é mais alta:
27% das pessoas têm remuneração
acima de dez salários mínimos (o
equivalente a R$ 2.400).
Quanto à escolaridade, 36% dos habitantes dessa região têm nível superior, enquanto na média de São Paulo
esse índice é de 12%.
O consultor de recursos humanos
Marcos Antônio da Silva, 48, da Bela
Vista, exibe o perfil retratado pela pesquisa. Bacharel em comunicação e
pertencente à classe B, ele apresenta
também outras características comuns aos moradores da região.
Biblioteca e MPB
Silva freqüenta shopping centers, assim como 81% dos moradores, vai a
restaurantes, como 68%, e tem o hábito de ir a livrarias, perfil apresentado
por 50% das pessoas da área centro 1.
"Sou capaz de passar a tarde toda naquelas megastores vendo livros e CDs.
Gosto também de ir à Biblioteca Municipal Mário de Andrade", afirma.
Silva não coloca a música popular
brasileira em primeiro lugar em sua
preferência, como 34% dos moradores, mas garante que o gênero é seu segundo favorito.
"Sou fanático por música clássica,
mas sem dúvida a MPB vem em seguida. A grande maioria das pessoas que
conheço aqui na região, no entanto,
prefere música brasileira. Acho que é
herança dos tempos em que a Bela
Vista era muito freqüentada pela classe artística", diz.
Para o morador do centro 1, arroz
com feijão é a comida preferida (22%)
-e a mais consumida (71%)-, mas a
feijoada é o prato mais apreciado nessa região do que nas outras áreas da cidade. O prato criado pelos escravos
africanos foi citado por 14% das pessoas, enquanto na média da cidade foi
lembrado por 7%.
No que se refere a temas polêmicos, a
pesquisa aponta que os moradores
dessa região são mais liberais: 28% das
pessoas ouvidas são favoráveis à permissão do aborto em outras situações,
além das previstas na lei atual, que são
casos de estupro e risco de morte da
mãe. A média de pessoas favoráveis a
essa mudança na cidade é 18%.
"Eu acho que o ideal é conscientizar
as mulheres das medidas preventivas,
mas como isso é um processo lento, a
liberação do aborto poderia evitar
aqueles casos de mães muito pobres
com seis filhos ou de adolescentes carentes que dão à luz e abandonam os
recém-nascidos nas ruas", afirma o
vendedor André Luís Netto, 23.
Liberal, mas nem tanto
Quanto à legalização da maconha,
25% dos moradores entrevistados
afirmam ser a favor, contra 15% na
média da cidade. "A realidade é que a
maconha deixou de ser crime faz tempo, pois ninguém é preso por fumar.
Levantar essa questão como se a lei
fosse cumprida chega a ser uma hipocrisia", diz a funcionária pública Ana
Maria Souza Ramos, 39.
Em outras questões polêmicas, no
entanto, os habitantes do centro mostram seu lado conservador. Grande
parte das pessoas (80%) se diz favorável à adoção da prisão perpétua no
Brasil, e 61% dos moradores são a favor da instituição da pena de morte.
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